terça-feira, 15 de abril de 2008

Maio de 68 ainda divide franceses, 40 anos depois

Eu tinha 15 anos... Aqui no Brasil, saiu o AI5. O regime militar endureceu. Prenderam e mataram estudantes... Na França, começava outra revolução, bem diferente da daqui, de 1 de abril...
Vejam agora, os reflexos e as reflexões:
Maio de 68 ainda divide franceses, 40 anos depois
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Anne-Laure Mondesert, da France Presse em Paris
Formidável impulso de liberdade, ou símbolo da decadência e do relativismo:
40 anos depois do Maio de 68, essa revolta estudantil que agitou a sociedade
francesa continua a provocar debates apaixonados, atiçados pela insistência do
presidente da França Nicolas Sarkozy em "liquidar" sua herança.
O 40º
aniversário dos acontecimentos de Maio de 68 é marcado, na França, por uma
avalanche de publicações - mais de 100 livros se dedicam ao tema -, edições
especiais de jornais e programas na TV, um sinal do interesse intacto por esse
marco da história contemporânea do país.
Esse movimento estudantil, que se
propagou por toda a sociedade e provocou uma greve geral que paralisou o país
por um mês, alcançou a dimensão de um mito, opondo dois campos: "os guardiães do
templo" e "os revanchistas", avalia o sociólogo Jean-Pierre Le Goff.
"A
sociedade francesa oscila entre fascinação e rejeição, não consegue criar um
distanciamento crítico, inserir o 68 na História", avalia o autor do livro "Mai
68, l'héritage impossible" ("Maio de 68, a herança impossível", ainda sem
tradução em português).
Com suas barricadas no Quartier Latin, em Paris,
faculdades ocupadas por estudantes e slogans libertários que se tornaram
célebres, como "é proibido proibir", o evento de Maio de 68 é, regularmente,
acusado pela direita francesa de ter causado a destruição dos valores morais e a
falência do sistema educacional.
Quando era candidato, o agora presidente
Nicolas Sarkozy fazia um apelo aos franceses, em abril de 2007, para "romper"
com o "cinismo" do Maio de 68, que teria "acabado com a diferença entre o bem e
o mal, entre o verdadeiro e o falso, entre o bonito e o feio". Os protestos
foram imediatos na esquerda.
Os acontecimentos de Maio também serviram de
estopim para evoluções que poucos pensam em questionar hoje. A sociedade
francesa dos anos de 1960, sob o general De Gaulle, era uma sociedade "rígida,
fechada", lembra o historiador Michel Winock.
Na época, as mulheres não
podiam trabalhar de calça comprida, a pílula tinha acabado de ser autorizada, o
divórcio por consenso mútuo não existia, os feriados pagos não eram para todos,
e a censura vigorava, sobretudo na TV.
Para eles, Maio de 68 teve uma
influência "mais do que positiva" na divisão de tarefas entre homens e mulheres
(80%), na sexualidade (72%), ou na relação entre pais e filhos (64%).
Quarenta anos depois, os estudantes franceses ainda vão às ruas para se
manifestar, mas a crítica radical ao sistema acontece por meio de combates mais
pragmáticos.
"A juventude mudou muito em relação a 68. Suas condições de
vida se degradaram muito; suas preocupações em relação ao futuro - com o
desemprego - são maiores; o que explica as formas de engajamento mais
materiais", analisa Jean-Baptiste Prévost, presidente do sindicato estudantil
Unef.
Hoje, a sociedade "tem outros problemas", diferentes daqueles de 1968,
resume o ex-líder estudantil Daniel Cohn-Bendit, hoje deputado alemão.
No
livro "Forget 68", esse homem ainda considerado por muitos como a encarnação do
Movimento de Maio --e, por isso mesmo, onipresente no momento na mídia
francesa--, pede que virem a página.
Nesse sentido, ele rejeita, com ironia,
às críticas de Sarkozy. Para ele, o presidente de direita, que se divorciou duas
vezes, é um "sessenta e oitentista", que retomou o slogan de 68 "gozar sem
freios" para si mesmo.

Um comentário:

Unknown disse...

Adorei o postagem...
Mas tambem te peço ajuda...
Sou aluna de letras/francês da Universidade Federal de Alagoas e estou fazendo uma pesquisa sobra a música naquela época e o que que mudou nela depois de 68...
se poderem me ajudar
meu e-mail é : thais.gravato@gmail.com
desde já já estou agradecida
Thais Gravato Kunze