sexta-feira, 20 de junho de 2008

Na ditadura, argentina grávida teve que cavar a própria sepultura

E os estadunidenses torturam gente em Guantánamo. Todos os homens são iguais.

Na ditadura, argentina grávida teve que cavar a própria sepultura

Revelação foi feita por ex-agente policial no julgamento de oito ex-militares na província de Córdoba

Efe

BUENOS AIRES - Uma jovem grávida teve que cavar sua própria sepultura antes de ser fuzilada durante a última ditadura argentina, revelou nesta quinta-feira, 19, um ex-agente policial ao depor no julgamento de oito ex-militares realizado na província de Córdoba (centro).

O ex-agente policial Carlos Beltrán disse que foi expulso dessa força de segurança por se negar a executar duas pessoas seqüestradas pela ditadura (1976-1983), entre elas uma jovem grávida, embora tenha dito que foi testemunha de seu fuzilamento, em 1977.

"Era noite quando os levamos em um caminhão Unimog a um monte e pediram-me que os fuzilasse. Neguei-me a fazê-lo, dizendo que isso era um assassinato", relatou o agora ex-agente policial.

Ele lembrou que fizeram as duas vítimas cavarem uma fossa e, quando estas se recusaram, outros agentes policiais precisaram cumprir a ordem.

"A menina ficou cansada e, quando tentou se reanimar, um deles tirou uma pistola e atirou nela até matá-la", contou Beltrán, antes de afirmar que os corpos foram "encharcados com combustíveis" e, em seguida, queimados.

"Nessa noite, deixaram-me sozinho no monte e fui chamado de covarde. Mais tarde, fui dado baixa da força", disse.

Carlos Beltrán foi uma das testemunhas que depôs nesta quinta-feira na 11ª audiência do julgamento do general reformado Luciano Benjamín Menéndez, um emblemático repressor do último regime de fato, e de outros sete ex-militares que atuaram sob seu comando na jurisdição do Terceiro Corpo do Exército.

O Tribunal Oral Federal Número 1 de Córdoba julga o assassinato, em 1977, dos militantes políticos Humberto Brandalisis, Ilda Palacios, Carlos Lajes e Raúl Cardozo.

Segundo o arquivo, todos eles foram seqüestrados em 1977, torturados durante um mês em um centro clandestino de detenção de Córdoba conhecido como La Pérola e, posteriormente, fuzilados.

De acordo com dados oficiais, 18 mil pessoas desapareceram na última ditadura militar argentina, embora as organizações de direitos humanos considerem que o número seja maior: 30 mil.

(de http://www.estadao.com.br/internacional/not_int192684,0.htm)

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