Equipe de Obama tem ligações com a indústria do etanol
Empresas indicam os principais consultores do senador, que endossa o biocombustível como alternativa
Larry Rohter - The New York Times
NOVA YORK - Quando a VeraSun, uma das maiores fabricantes de etanol dos Estados Unidos, inaugurou sua nova instalação no último verão em Charles City, Iowa, alguns dos mais proeminentes pioneiros da indústria participaram do evento. Líderes de associações dos produtores de milho e de combustíveis renováveis, compareceram para cortar as fitas da nova indústria, assim como o senador Barack Obama.
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Com o nome menos conhecido do que o da senadora Hillary Clinton, então até mesmo nas pesquisas, Obama estava no meio de uma campanha pelo Estado que acabou registrando sua primeira vitória em prévias democratas. E como esperado de um senador de Illinois, segundo maior em produção de milho do país, ele apresentou o endosso do etanol como um combustível alternativo.
Obama funciona como um reformista que procura reduzir a influência de interesses especiais. Mas como qualquer político, o senador tem outros círculos eleitorais poderosos que moldam seus pontos de vista. Quando o tema é o etanol americano, quase totalmente produzido do milho, Obama também possui seus conselheiros e grandes apoiadores próximos da indústria do setor num período em que a política energética se tornou um ponto de contraste forte entre as campanhas dos candidatos presidenciais.
No coração do "cinturão do milho", Obama argumentou na ocasião que abraçar o etanol "finalmente ajudaria a segurança nacional, pois agora os EUA mandam bilhões de dólares para alguns dos países mais hostis da Terra". A dependência americana do petróleo, acrescentou, "torna mais difícil para que os EUA formem sua política externa".
Hoje, quando Obama viaja pelo interior, ele costuma estar acompanhado de seu amigo Tom Daschle, ex-senador da Dakota do Norte. O ex-congressista atua para três companhias de etanol em seu escritório de advogados em Washington onde, de acordo com suas funções, ele "gasta um tempo substancial fornecendo conselhos estratégicos e políticos para seus clientes de energia renovável."
O conselheiro de assuntos de energia e meio ambiente de Obama, Jason Grumet, veio da Comissão Nacional de Políticas Energéticas, iniciativa associada com Daschle e Bob Dole, também ex-líder da maioria no senado e grande defensor do etanol, e que ainda conta com o apoio do gigante do agronegócios Archer Daniels Midland. Pouco depois de chegar ao Senado, Obama se envolveu em uma controvérsia ao usar aviões corporativos da empresa com taridas subsidiadas.
Jason Furman, diretor de políticas econômicas da campanha do senador, afirmou que as decisões de Obama sobre o etanol são baseadas em seus méritos. Questionado se o democrata teria mostrado alguma predisposição ou a defesa do etanol porque representa um dos maiores Estados produtores de milho, Furman disse que Obama "quer representar os EUA e suas políticas se baseiam no que é melhor para o país".
O etanol é um dos pontos em que Obama discorda mais do rival republicano, John McCain. Embora os dois candidatos presidenciais enfatizem a necessidade do país em conquistar a "segurança energética", enquanto diminuem as emissões de carbono que contribuem para o aquecimento global, os dois possuem visões diferentes do papel que o etanol, que pode ser produzido a partir de uma grande quantidade de materiais orgânicos, deve representar nesse esforço.
McCain defende a eliminação dos subsídios agrícolas multimilionários anuais. Como defensor do livre comércio, o republicano é contra a tarifa de 54% que os EUA impõem para a exportação do etanol à base de cana-de-açúcar, que tem mais energia e é mais barato do que o produzido do milho.
"Cometemos uma série de erros ao não adotar uma política energética sustentável, um dos quais é o subsidio ao etanol de milho, o qual alertei Iowa que iria prejudicar o mercado", e contribuir para a inflação, disse McCain em entrevista ao Estado. "Além disso, é errado" tributar o etanol à base de cana-de-açúcar brasileiro, "que é muito mais eficiente do que o de milho", acrescentou.
Obama, por outro lado, defende o subsídio, que em algumas ocasiões vai para as mãos das mesmas companhias petrolíferas que, segundo o senador, deveriam sofrer tributações sobre os lucros. Em nome da ajuda para que os EUA construam sua "independência energética", ele também defende a tarifa, o que economistas afirmam que pode ser ilegal de acordo com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), o que conselheiros de Obama negam.
(de http://www.estadao.com.br/internacional/not_int194382,0.htm)
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