quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Acabem-se, extingam-se, as gravadoras! E mais muitas figuras do comércio monopolista.

Acabem-se, extingam-se, as gravadoras! E mais muitas figuras do comércio monopolista.

A era dos mercados infinitos
Por Eduardo Graça, para o Valor26/10/2007

Anderson, um defensor da economia de nicho: "Não estou profetizando o fim da sociedade de massas e sim a deterioração de seu protagonismo, de seu monopólio, em todos os setores da nossa sociedade"Ele foi um dos primeiros a usar a internet, muito antes de a "Wired", revista da qual é editor-chefe, ser lançada em 1993. Chris Anderson, de 46 anos, acredita que a melhor definição para tecnologia é "a capacidade de dar poder ao indivíduo para modificar o mundo". Um típico libertário do Vale do Silício, opositor ferrenho a qualquer interferência governamental na vida dos cidadãos, o ex-editor de tecnologia da revista "The Economist" lançou neste ano um dos livros mais comentados no mundo dos negócios: "A Cauda Longa" (Campus/Elsevier, 256 págs., R$ 57,50). A obra nasceu como uma pesquisa sobre as transformações na indústria musical, transmutou-se em um artigo, o mais comentando da história da "Wired", e finalmente chegou às livrarias anunciando o fim do monopólio da sociedade de consumo de massas e o apogeu dos mercados infinitos.

O título do livro refere-se à sua apropriação da convencional curva de demanda utilizada pelos economistas: no topo estão os hits, na cauda os produtos de aceitação menor. O raciocínio convencional é o de que é preciso fazer que a maioria dos consumidores se dirija para a cabeça da curva, pois é mais custoso trabalhar um número maior de produtos. Anderson propõe que a máxima não vale mais no mundo da sociedade de nicho.

Gil é "único ao representar, ao mesmo tempo, a cultura do remix, a cultura popular, a cultura segmentada. Entende a importância da diversidade em todos os níveis", diz Anderson diminuição dos custos com a distribuição de bens tem modificado essa curva de forma radical - um novo animal surge, com a cabeça cada vez mais diminuta e a cauda mais extensa. Parece conversa de ficção científica? De sua casa, em São Francisco, Anderson jura que não há nada de anormal no fenômeno que afeta a indústria cultural tal qual a conhecemos, assim como nossa noção de identidade nacional e a maneira pela qual nos expressamos politicamente.

Fã do ministro Gilberto Gil, o jornalista, que participa em São Paulo \n de um seminário sobre o futuro da economia mundial durante a \n ExpoManegement, conversou pelo telefone com o Valor.

O título do livro refere-se à sua apropriação da convencional curva de demanda utilizada pelos economistas: no topo estão os hits, na cauda os produtos de aceitação menor. O raciocínio convencional é o de que é preciso fazer que a maioria dos consumidores se dirija para a cabeça da curva, pois é mais custoso trabalhar um número maior de produtos. Anderson propõe que a máxima não vale mais no mundo da sociedade de nicho.
Divulgação
Gil é "único ao representar, ao mesmo tempo, a cultura do remix, a cultura popular, a cultura segmentada. Entende a importância da diversidade em todos os níveis", diz AndersonA diminuição dos custos com a distribuição de bens tem modificado essa curva de forma radical - um novo animal surge, com a cabeça cada vez mais diminuta e a cauda mais extensa. Parece conversa de ficção científica? De sua casa, em São Francisco, Anderson jura que não há nada de anormal no fenômeno que afeta a indústria cultural tal qual a conhecemos, assim como nossa noção de identidade nacional e a maneira pela qual nos expressamos politicamente.
Fã do ministro Gilberto Gil, o jornalista, que participa em São Paulo de um seminário sobre o futuro da economia mundial durante a ExpoManegement, conversou pelo telefone com o Valor.

Não é uma ironia imensa o fato de seu livro, que \n trata do fim da era dos blockbusters, ter se tornado um best-seller?

Chris Anderson: Sim, mas esta é apenas uma das ironias sobre o livro. Há muitas outras. Pense no fato de eu trabalhar para a mídia convencional, como a "Wired", a maior revista de tecnologia do planeta, parte da Condé Nast, por sua vez a maior editora de publicações jornalísticas dos Estados Unidos, que vende mais de dez milhões de revistas todos os meses. Mas esse é meu trabalho diurno. De noite, você me encontra celebrando a economia do nicho em meu blog, na micromídia, nos meus escritos.
Ou seja, o mundo mais especializado, muitas vezes mais sofisticado, vive hoje lado a lado com a velha sociedade de massas que imperou durante o século XX...

Anderson: Sim, não se trata de anunciar a morte da economia de consumo de massas e sua substituição por algo mais segmentado. Mas é o momento de constatar o fim do monopólio dos blockbusters. Isso acabou. Hoje é preciso considerar a extensão e o tamanho da cauda do mercado e não apenas sua cabeça gigantesca.

O sr. acredita que sociedades mais periféricas, com poder de consumo mais reduzido, como o Brasil, vivem esse fenômeno de forma igualmente intensa?

Valor: Não é uma ironia imensa o fato de seu livro, que trata do fim da era dos blockbusters, ter se tornado um best-seller?
Chris Anderson: Sim, mas esta é apenas uma das ironias sobre o livro. Há muitas outras. Pense no fato de eu trabalhar para a mídia convencional, como a "Wired", a maior revista de tecnologia do planeta, parte da Condé Nast, por sua vez a maior editora de publicações jornalísticas dos Estados Unidos, que vende mais de dez milhões de revistas todos os meses. Mas esse é meu trabalho diurno. De noite, você me encontra celebrando a economia do nicho em meu blog, na micromídia, nos meus escritos.
Valor: Ou seja, o mundo mais especializado, muitas vezes mais sofisticado, vive hoje lado a lado com a velha sociedade de massas que imperou durante o século XX...
Anderson: Sim, não se trata de anunciar a morte da economia de consumo de massas e sua substituição por algo mais segmentado. Mas é o momento de constatar o fim do monopólio dos blockbusters. Isso acabou. Hoje é preciso considerar a extensão e o tamanho da cauda do mercado e não apenas sua cabeça gigantesca.
Valor: O sr. acredita que sociedades mais periféricas, com poder de consumo mais reduzido, como o Brasil, vivem esse fenômeno de forma igualmente intensa?

Se estamos pensando no poder de escolha do consumidor, é claro que faz uma diferença grande se considerarmos o poder de compra e o acesso à internet em cada país. Quanto mais renda você tem, acompanhada do acesso à rede de computadores, mais oportunidade você terá de fazer parte do mercado segmentado e essa equação pode ser problemática quando pensamos no chamado mundo desenvolvido. Mas, por outro lado, a demanda mundial por produtos oriundos dos mercados ditos periféricos aumentou muito. Um exemplo claro é a cultura brasileira. Todos querem consumir cultura brasileira, de um modo ou de outro, no mundo desenvolvido. A audiência global - e o potencial número de consumidores - para tudo o que for ligado ao Brasil cresceu incrivelmente nos últimos anos. E são consumidores que não tinham acesso a esses produtos, como, por exemplo, a gigantesca produção musical produzida no país ou mesmo o esporte.

Hoje um americano pode assistir a um jogo de futebol da Copa Libertadores da América em tempo real tanto na TV quanto na internet...

Exatamente! No novo mercado, consumidores de todo o mundo podem entrar em contato com aspectos específicos da vida de outros \n países de uma forma inédita. Pense na "diáspora do críquete". Trata-se de um esporte completamente obscuro nos EUA. Mas hoje temos aproximadamente \n 40 milhões de pessoas oriundas da Índia, do Paquistão, da Austrália, Nova \n Zelândia e Grã-Bretanha, países em que o esporte é muito popular, \n trabalhando e vivendo por aqui, embora não concentrados em uma única \n região do país. Pois bem, agora essa gente toda - um mercado considerável em qualquer estimativa - pode ver os jogos de críquete em tempo real. É uma audiência global para um típico produto da sociedade de nicho.

Anderson: Se estamos pensando no poder de escolha do consumidor, é claro que faz uma diferença grande se considerarmos o poder de compra e o acesso à internet em cada país. Quanto mais renda você tem, acompanhada do acesso à rede de computadores, mais oportunidade você terá de fazer parte do mercado segmentado e essa equação pode ser problemática quando pensamos no chamado mundo desenvolvido. Mas, por outro lado, a demanda mundial por produtos oriundos dos mercados ditos periféricos aumentou muito. Um exemplo claro é a cultura brasileira. Todos querem consumir cultura brasileira, de um modo ou de outro, no mundo desenvolvido. A audiência global - e o potencial número de consumidores - para tudo o que for ligado ao Brasil cresceu incrivelmente nos últimos anos. E são consumidores que não tinham acesso a esses produtos, como, por exemplo, a gigantesca produção musical produzida no país ou mesmo o esporte.
Valor: Hoje um americano pode assistir a um jogo de futebol da Copa Libertadores da América em tempo real tanto na TV quanto na internet...
Anderson: Exatamente! No novo mercado, consumidores de todo o mundo podem entrar em contato com aspectos específicos da vida de outros países de uma forma inédita. Pense na "diáspora do críquete". Trata-se de um esporte completamente obscuro nos EUA. Mas hoje temos aproximadamente 40 milhões de pessoas oriundas da Índia, do Paquistão, da Austrália, Nova Zelândia e Grã-Bretanha, países em que o esporte é muito popular, trabalhando e vivendo por aqui, embora não concentrados em uma única região do país. Pois bem, agora essa gente toda - um mercado considerável em qualquer estimativa - pode ver os jogos de críquete em tempo real. É uma audiência global para um típico produto da sociedade de nicho.

Vejo Gilberto Gil como antídoto à velha economia dos blockbusters. Nós o vemos como modelo para os brasileiros e para o planeta. O sr. viaja ao Brasil pela primeira vez. Há alguma expectativa em se aprofundar em relação a casos típicos do mercado segmentado no país?
Ficarei no Brasil apenas por algumas horas e não acredito ser possível fazer maiores reportagens. Fui convidado pessoalmente para o evento pelo ministro Gilberto Gil e minha única expectativa é a de tentar me encontrar com ele e ouvi-lo um pouco. Em 2003 a "Wired" foi uma das patrocinadoras de um show em benefício do Creative Commons, projeto elaborado pelo professor Lawrence Lessing, da Universidade de Stanford, que gera instrumentos legais para titulares de direitos autorais, como Gil, liberarem sua obra para usos dos mais variados. E ele se apresentou com David Byrne. Gil está constantemente em nossas páginas, por ter colocado o Brasil na posição de pioneiro na adoção do Creative Commons no mundo e por sua visão lúcida sobre a nova realidade dos direitos autorais na sociedade do remix. Ele está em meu radar por um longo tempo. Ele é único ao representar hoje, ao mesmo tempo, a cultura do remix, a cultura popular, a cultura segmentada. Gil entende a importância da diversidade em todos os níveis, não apenas no cultural. Vejo-o como um antídoto à velha economia dos blockbusters e, por isso, nós o vemos como um modelo não só para os brasileiros, mas para o planeta. Não vejo a hora de encontrá-lo. "

"Vejo Gilberto Gil como antídoto à velha economia dos blockbusters. Nós o vemos como modelo para os brasileiros e para o planeta
Valor: O sr. viaja ao Brasil pela primeira vez. Há alguma expectativa em se aprofundar em relação a casos típicos do mercado segmentado no país?
Anderson: Ficarei no Brasil apenas por algumas horas e não acredito ser possível fazer maiores reportagens. Fui convidado pessoalmente para o evento pelo ministro Gilberto Gil e minha única expectativa é a de tentar me encontrar com ele e ouvi-lo um pouco. Em 2003 a "Wired" foi uma das patrocinadoras de um show em benefício do Creative Commons, projeto elaborado pelo professor Lawrence Lessing, da Universidade de Stanford, que gera instrumentos legais para titulares de direitos autorais, como Gil, liberarem sua obra para usos dos mais variados. E ele se apresentou com David Byrne. Gil está constantemente em nossas páginas, por ter colocado o Brasil na posição de pioneiro na adoção do Creative Commons no mundo e por sua visão lúcida sobre a nova realidade dos direitos autorais na sociedade do remix. Ele está em meu radar por um longo tempo. Ele é único ao representar hoje, ao mesmo tempo, a cultura do remix, a cultura popular, a cultura segmentada. Gil entende a importância da diversidade em todos os níveis, não apenas no cultural. Vejo-o como um antídoto à velha economia dos blockbusters e, por isso, nós o vemos como um modelo não só para os brasileiros, mas para o planeta. Não vejo a hora de encontrá-lo.
Gil é um dos maiores nomes da música popular brasileira e o sr. iniciou a pesquisa de "A Cauda Longa" justamente pela indústria musical...
É que este é um dos mercados em que variedade, por incrível que pareça, era um item raro antes da explosão do mercado de nicho. O Wal-Mart vende hoje cerca de mil títulos musicais em CDs. Mas na internet há algo estimado como 3 milhões de faixas disponíveis legalmente nos serviços de venda digital. A indústria musical é um exemplo claro do blockbuster desagradando tanto ao consumidor quanto ao artista. Foi ao perceber o tamanho do mercado musical localizado na "cauda" da curva de consumo que as majors da música teimavam em ignorar que encontrei a idéia para escrever o livro.
Em seu blog o sr. tratou com especial interesse da decisão da banda inglesa de rock Radiohead de vender seu novo trabalho exclusivamente na internet e de deixar para os compradores a tarefa de definir o preço a ser pago, incluindo a possibilidade de baixá-lo \n gratuitamente...
Esse movimento reflete o cada vez mais diminuto poder do modelo de venda de música tradicional, criado pelas grandes gravadoras. Trabalhar as músicas no rádio e colocar CDs nas melhores lojas do gênero não vale mais. O formato digital permite maior flexibilidade na hora de estabelecer os custos do produto. A indústria musical não é mais simplesmente fundamentada na venda de músicas. Seu produto, atualmente, é a venda de performances. O Radiohead ganhará muito mais dinheiro em seus shows, levando as pessoas que ouviram suas músicas para os estádios, do que com a venda online. A Madonna acabou de encerrar um contrato de décadas com uma grande gravadora para fechar com uma produtora de eventos musicais. Os Rolling Stones faturam mais de 90% de seu orçamento com as turnês mundiais. O iPod é hoje parte importantíssima da indústria musical do século XXI, embora completamente ignorado pelas grandes gravadoras.

Valor: Gil é um dos maiores nomes da música popular brasileira e o sr. iniciou a pesquisa de "A Cauda Longa" justamente pela indústria musical...
Anderson: É que este é um dos mercados em que variedade, por incrível que pareça, era um item raro antes da explosão do mercado de nicho. O Wal-Mart vende hoje cerca de mil títulos musicais em CDs. Mas na internet há algo estimado como 3 milhões de faixas disponíveis legalmente nos serviços de venda digital. A indústria musical é um exemplo claro do blockbuster desagradando tanto ao consumidor quanto ao artista. Foi ao perceber o tamanho do mercado musical localizado na "cauda" da curva de consumo que as majors da música teimavam em ignorar que encontrei a idéia para escrever o livro.
Valor: Em seu blog o sr. tratou com especial interesse da decisão da banda inglesa de rock Radiohead de vender seu novo trabalho exclusivamente na internet e de deixar para os compradores a tarefa de definir o preço a ser pago, incluindo a possibilidade de baixá-lo gratuitamente...
Anderson: Esse movimento reflete o cada vez mais diminuto poder do modelo de venda de música tradicional, criado pelas grandes gravadoras. Trabalhar as músicas no rádio e colocar CDs nas melhores lojas do gênero não vale mais. O formato digital permite maior flexibilidade na hora de estabelecer os custos do produto. A indústria musical não é mais simplesmente fundamentada na venda de músicas. Seu produto, atualmente, é a venda de performances. O Radiohead ganhará muito mais dinheiro em seus shows, levando as pessoas que ouviram suas músicas para os estádios, do que com a venda online. A Madonna acabou de encerrar um contrato de décadas com uma grande gravadora para fechar com uma produtora de eventos musicais. Os Rolling Stones faturam mais de 90% de seu orçamento com as turnês mundiais. O iPod é hoje parte importantíssima da indústria musical do século XXI, embora completamente ignorado pelas grandes gravadoras.

Mas não há o risco de esse mundo maravilhoso das opções sem fim enterrar a possibilidade de identificação nacional por meio de um produto específico da indústria cultural, fenômeno típico da sociedade de massas?
Você está correto. Fragmentação, inevitavelmente, impõe uma diminuição no poder de atração da cultura popular.
Penso, no Brasil, no caso da diminuição crescente da audiência das telenovelas, que nos anos 1970 e 80 foram, talvez mais do que qualquer outro produto da indústria cultural local, o termômetro social e político do país...
Nos Estados Unidos dos anos 1950 os americanos estavam todos vendo "I Love Lucy" e se encontravam como nação, de certa maneira, naquele programa. Mas nós não podemos limitar nossa identidadecomo nação àquela cola poderosa que nos gruda ao aparelho de TV. Não existe mais apenas uma cultura nacional, uma cultura de massa. Mas este é apenas um aspecto de nossa cultura. E vai haver sempre algo, creio, que nos unificará como nação. No Brasil, por exemplo, pode ser a seleção nacional e a Copa do Mundo. A televisão, certamente, não o será mais. Ela só existia daquela maneira porque a oferta de produtos era diminuta. Aplicando essa regra ao mundo da política, o sr. acredita que a sociedade de nicho nos faz cada vez mais interessados em pessoas que representam certos interesses específicos e menos em partidos políticos que ainda trabalham com a idéia de representação de classe social?


Valor: Mas não há o risco de esse mundo maravilhoso das opções sem fim enterrar a possibilidade de identificação nacional por meio de um produto específico da indústria cultural, fenômeno típico da sociedade de massas?
Anderson: Você está correto. Fragmentação, inevitavelmente, impõe uma diminuição no poder de atração da cultura popular.
Valor: Penso, no Brasil, no caso da diminuição crescente da audiência das telenovelas, que nos anos 1970 e 80 foram, talvez mais do que qualquer outro produto da indústria cultural local, o termômetro social e político do país...
Anderson: Nos Estados Unidos dos anos 1950 os americanos estavam todos vendo "I Love Lucy" e se encontravam como nação, de certa maneira, naquele programa. Mas nós não podemos limitar nossa identidade como nação àquela cola poderosa que nos gruda ao aparelho de TV. Não existe mais apenas uma cultura nacional, uma cultura de massa. Mas este é apenas um aspecto de nossa cultura. E vai haver sempre algo, creio, que nos unificará como nação. No Brasil, por exemplo, pode ser a seleção nacional e a Copa do Mundo. A televisão, certamente, não o será mais. Ela só existia daquela maneira porque a oferta de produtos era diminuta.
Valor: Aplicando essa regra ao mundo da política, o sr. acredita que a sociedade de nicho nos faz cada vez mais interessados em pessoas que representam certos interesses específicos e menos em partidos políticos que ainda trabalham com a idéia de representação de classe social?

Sem dúvida alguma. Em cada país, obviamente, o impacto da sociedade de nicho tem um peso diferente. Nos Estados Unidos, ao contrário do Brasil, temos um sistema de bipartidarismo que é o oposto exato da possibilidade de escolhas. A limitação é óbvia, mas cada vez mais aumenta o número de eleitores e políticos que não se identificam mais com partido algum, como o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, ou o próprio governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, adeptos de uma política mais granular, distantes de modelos estanques. Em geral, mesmo em países que vivem um sistema de partido único, como na China, ou de dezenas de legendas, como no Brasil, os eleitores pensam hoje de forma mais independente, menos ligada a cânones estabelecidos de cima para baixo. Hoje em dia acho que não podemos mais pensar na massa popular e sim nas massas populares, que competem entre si em busca de mais representatividade. Não estou profetizando o fim da sociedade de massas e sim a deterioração de seu protagonismo, de seu monopólio, em todos os setores da nossa sociedade.

Anderson: Sem dúvida alguma. Em cada país, obviamente, o impacto da sociedade de nicho tem um peso diferente. Nos Estados Unidos, ao contrário do Brasil, temos um sistema de bipartidarismo que é o oposto exato da possibilidade de escolhas. A limitação é óbvia, mas cada vez mais aumenta o número de eleitores e políticos que não se identificam mais com partido algum, como o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, ou o próprio governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, adeptos de uma política mais granular, distantes de modelos estanques. Em geral, mesmo em países que vivem um sistema de partido único, como na China, ou de dezenas de legendas, como no Brasil, os eleitores pensam hoje de forma mais independente, menos ligada a cânones estabelecidos de cima para baixo. Hoje em dia acho que não podemos mais pensar na massa popular e sim nas massas populares, que competem entre si em busca de mais representatividade. Não estou profetizando o fim da sociedade de massas e sim a deterioração de seu protagonismo, de seu monopólio, em todos os setores da nossa sociedade.

de http://www.valoronline.com.br/valoreconomico/285/euefimdesemana/cultura/A+era+dos+mercados+infinitos,072610,,47,4606024.html

sábado, 27 de outubro de 2007

Acabem com o tráfico de drogas descriminalizando-as!

Para acabar com a figura do traficante e com a corrupção que vem de carona, descriminalizem as drogas! Veja exemplo abaixo.
Durante a Lei Seca, que proibiu o comércio de bebidas alcoólicas nos EUA, surgiu a figura do traficante de bebidas... Pensem nisto.

Uso de maconha entre britânicos cai após relaxamento de lei
da BBC Brasil
O consumo de maconha entre os britânicos está em queda desde 2003, apesar da mudança da lei, em 2004, que reclassificou a planta como droga de classe menos perigosa e eliminou a pena de prisão para os consumidores, segundo indicam estatísticas divulgadas pelo Ministério do Interior da Grã-Bretanha.
A pesquisa anual sobre consumo de drogas realizada pelo ministério indica que a porcentagem de jovens entre 16 e 24 anos que disseram ter consumido a droga nos 12 meses anteriores caiu gradativamente nos últimos anos, de 26,2% no período 2002/2003 para 20,9% entre 2006 e 2007.
A proporção de pessoas entre 16 e 59 anos que dizem ter consumido maconha em algum momento de sua vida, porém, se mantém praticamente estável: 30,6% em 2002/2003 e 30,1% em 2006/2007.
O governo britânico havia mudado a classificação da maconha, em janeiro de 2004, passando a agrupá-la entre substâncias menos nocivas.
A droga, anteriormente agrupada na classe B, de substâncias consideradas de perigo médio, juntamente com anfetaminas e barbitúricos, passou a ser classificada na classe C, que inclui drogas consideradas menos perigosas, como os esteróides anabolizantes.
Com a reclassificação, os consumidores pegos fumando maconha passaram a ter a droga confiscada e recebem uma advertência, em vez de responder a processo criminal.
O argumento do governo, na época, era de que a mudança permitiria à polícia se concentrar no combate ao tráfico e ao uso de drogas como o crack, a heroína e a cocaína, classificadas na categoria A, de substâncias mais pesadas.
Os dados da pesquisa do Ministério do Interior, porém, indicam um aumento no consumo de cocaína desde que a mudança foi adotada.
Entre 2002 e 2003, 5,1% dos jovens entre 16 e 24 anos declararam ter consumido cocaína no ano anterior à pesquisa. Entre 2006 e 2007, esse percentual aumentou para 6%.
No mesmo período, entretanto, o consumo de outra droga de classe A, o ecstasy, caiu de 5,8% dos jovens pesquisados, em 2002/2003, para 4,8% entre 2006 e 2007.
Outras drogas consideradas pesadas, como crack, LSD e heroína, tiveram o consumo praticamente estável nesse período.
Em julho, o governo britânico encomendou a uma comissão oficial uma nova análise sobre a questão para a possível revisão da mudança de classificação da maconha, após notícias de que o mercado britânico estava sendo invadido por uma variedade mais forte da droga, conhecida como "super-skunk".
Leia mais
Fernando Gabeira responde a questões sobre a maconha em livro

de http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u340047.shtml

domingo, 21 de outubro de 2007

Porque não fecham Congonhas???

Porque a classe média ama Congonhas! Fica bem ali, é cômodo! Deviam ter fechado este aeroporto há mais de 30 anos! Parabéns, classe média comodista, pelos vosso mortos!
Quantos vão esperar morrer lá ainda?
(de http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u338587.shtml)

Problema de comunicação na torre suspende decolagens em Congonhas
da Folha Online
Um problema de comunicação entre os comandantes das aeronaves em trânsito e a torre de controle de vôos suspendeu as decolagens no aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, na noite deste domingo. Segundo a Infraero (estatal que administra os aeroportos), as operações ficaram suspensas entre 20h41 e 21h05.
A assessoria da Infraero explicou que o problema de comunicação foi causado pelo tráfego intenso no aeroporto. No momento em que o terminal ficou fechado para decolagens chovia forte na capital paulista, com ventos de cerca de 30km/h, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). Mas a chuva não atrapalhou as operações, segundo a Infraero.
Até às 21h30, o fluxo de passageiros era intenso em Congonhas. De acordo com a Infraero, cinco decolagens estavam com atraso superior a uma hora e dez haviam sido canceladas, dos 188 programados.

Você é superdotado?

E aí, caras-pálidas? Vamos apoiar quem tem potencial?
(de http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/gilbertodimenstein/ult508u338574.shtml)
Você é superdotado?
Foi concluído neste mês estudo mostrando que cerca de 18% de estudantes de duas escolas municipais em bairros pobres da cidade de São Paulo são superdotados. Mas o que são superdotados? Esqueça o que você sabe ou pensa que sabe sobre o assunto.
Há um esforço entre especialistas de desmistificar o superdotado, que se associa à figura do gênio, desses que tocam piano excepcionalmente bem aos cinco anos de idade ou resolvem precocemente equações matemáticas. O conceito mais apropriado é o de alta habilidade. São estudantes com habilidades acima da média em artes, matemática, ciências, liderança, esportes ou português. Valorizam-se, assim, as mais diferentes habilidades, porque, na verdade, existem diferentes tipos inteligências.
Existem aqui vários problemas pela falta de conhecimento sobre altas habilidades. O mais óbvio deles é como as escolas, especialmente as públicas, não sabem identificar os superdotados. Nem muito menos como ajudá-los.
Como, muitas vezes, os altamente habilidosos não suportam a rotina escolar, eles são desprezados e punidos. E, não raro, tratados com antidepressivos. É comum superdotados serem hiperativos ou terem distúrbio de atenção.
Por causa da péssima educação pública, nosso maior desperdício é o de talentos em geral. Isso se torna ainda mais grave diante dessa multidão de indivíduos que nasceram como uma altíssima propensão ao talento. O que, se estatística estiver correta, estamos falando de cerca de 10 milhões de estudantes. Jogamos fora o que temos de melhor - e, não raro, alguns deles são recrutados pelo o que existe de pior.
*
Para ajudar pais e professores, coloquei em meu site uma série de dados para aprender a desconfiar se estão diante de crianças e jovens superdotados.
Gilberto Dimenstein, 48, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às terças-feiras.E-mail: palavradoleitor@uol.com.br

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Loucura ambiental consumista

Aqui no Brasil investem milhões, bilhões no aumento de produção de automóveis. Loucura consumista! É preciso mudar este hábito estúpido! Chega de automóveis! Transporte coletivo para todos! De qualidade e barato! Barril do petróleo a U$88.00 (http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u337133.shtml), fim do petróleo a vista. Biocombustíveis? Piada! Vejam abaixo uma opinião com a qual concordo (de http://www1.folha.uol.com.br/folha/dw/ult1908u337153.shtml):
Presidente alemão vê prejuízo da nutrição em prol da bioenergia
da Deutsche Welle, na Alemanha
No Dia Mundial da Alimentação, presidente alemão adverte países industrializados quanto à exploração de monoculturas para biocombustíveis, enquanto ONGs alertam para o aumento da miséria e da fome em países africanos.
"O Direito à Alimentação" é o lema deste ano do Dia Mundial da Alimentação, que se realiza a cada 16 de outubro. A data celebra a criação da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), sediada em Roma.
Na ocasião, o presidente alemão Horst Köhler advertiu os países industrializados quanto à resolução de seus problemas energéticos à custa dos países subdesenvolvidos. "Monoculturas para a fabricação de biocombustíveis não são a resposta adequada ao problema das mudanças climáticas", afirmou Köhler em Roma.
Continua...

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Mito de Che gera polêmica 40 anos depois de sua morte

de http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u334836.shtml:

Mito de Che gera polêmica 40 anos depois de sua morte
Publicidade
ISABEL SÁNCHEZda France Presse, em Havana
Ernesto Che Guevara, lenda revolucionária do século 20, foi morto em 9 de outubro de 1967 na Bolívia e hoje, 40 anos depois de sua morte, o mito daquele que tentou propagar o fogo da rebelião pela América Latina permanece vivo, embora ainda gere controvérsias.
Em Cuba, Bolívia, Venezuela, México, Nicarágua, na Argentina e em outros países onde seus ideais são reivindicados por movimentos sociais ou pela esquerda no poder, serão realizados atos políticos, marchas, shows, mostras de cinema, feiras e exposições fotográficas.
Reprodução
O revolucionário argentino Ernesto Che Guevara, morto há 40 anos
Santa Clara, cidade tomada por Guevara em 1958 durante a revolução dirigida por Fidel Castro, e onde seus restos se encontram guardados desde outubro de 1997, será o principal cenário da homenagem em Cuba, terra que fez de Che uma figura mítica.
Fidel Castro, seu amigo e companheiro de luta, aos 81 anos se recupera de uma grave doença intestinal há 14 meses e deverá ser substituído no ato por seu irmão Raúl, a quem cedeu o poder no dia 31 de julho de 2006.
Reivindicando a "luta antiimperialista", a Bolívia do líder indígena Evo Morales organizou um tributo em Vallegrande, onde foram encontrados os restos de Che em julho de 1997, e na aldeia de La Higuera, onde o líder revolucionário foi capturado aos 39 anos por um soldado sob ordens do então presidente boliviano, general René Barrientos.
Polêmica
O 40º aniversário da morte do guerrilheiro volta a atiçar a polêmica em torno da autenticidade de seus restos.
Ex-agentes cubanos da CIA e dois jornalistas que acompanharam o caso consideram que os exames realizados na ossada foram manipulados por ordem de Fidel para fazer propaganda política.
Para Cuba, para a família e para os admiradores de Che, os questionamentos são fruto de uma campanha de desprestígio contra a imagem do ídolo e da revolução cubana.
O certo é que seu trágico fim forjou a lenda de um homem cujo rosto, imortalizado em uma foto de Alberto Korda, circula pelo mundo exibido em marchas ou estampado em cartazes, camisas, garrafas de cerveja, cinzeiros e até em biquínis.
Milhões de cubanos e turistas estrangeiros já passaram, desde 1997, pelo Memorial em Santa Clara, onde foi erguida uma estátua de bronze de quase sete metros de altura, segundo dados oficiais.

Airbus quer aumentar pagamentos em dólar para combater desvalorização

E da-lhe imperialismo! Econômico, militar e cultural! O stres pilares, dos quais o econômico está ruindo! E o cultural? O que dizer?

Airbus quer aumentar pagamentos em dólar para combater desvalorização
da Efe, em Paris
A Airbus, fabricante européia de aviões, quer aumentar os pagamentos em dólar aos fornecedores para diminuir o impacto da desvalorização da moeda americana, inclusive com as empresas que comprarem as fábricas postas à venda pela companhia.
Assim, a Airbus confirmou nesta segunda-feira uma informação revelada pela revista alemã "Witschaftwoche", segundo a qual a política de pagamento em dólar afetaria as fábricas de Nordenham, Varel, Laupheim e Augsburg, todas na Alemanha, que serão vendidas pela empresa.
Uma porta-voz da companhia lembrou que a compra de peças em dólar é uma política que a empresa deve continuar realizando para diminuir o impacto da desvalorização do dólar frente ao euro.
No projeto do novo avião da empresa, o A350, o objetivo era fazer mais de 50% das compras em dólares --o nível convencional até então.
A Airbus tem boa parte de seus custos em euro por funcionar na Europa, mas o mercado de aviões continua funcionando em dólares e nada indica que isso irá mudar.
O fabricante já paga 90% das peças que compra em dólar, e o objetivo é que nos novos contratos essa proporção chegue aos 100%. Essa mesma regra pode ser aplicada às fábricas à venda, dentro da filosofia de compartilhar risco com os novos proprietários.
Por cada dez centavos perdidos pela moeda americana frente à européia, a Airbus perde 1 bilhão de euros (US$ 1,4 bilhão).
Por outro lado, a empresa disse que espera determinar quem ficará com as fábricas postas à venda até o final de ano. A empresa decidiu ceder, além das alemãs já citadas, as instalações de Méaulte e Saint-Nazaire (França) e de Filton (Reino Unido).
A operação faz parte das medidas de ajuste decididas para compensar o impacto negativo dos atrasos industriais no programa do avião gigante A380.
Outra medida marcante do plano de reestruturação --batizado de "Power 8"-- é a demissão de 10 mil funcionários na Europa.

Assim como os mais pobres sofriam...

...com a inflação nacional (os mais ricos sabem se proteger), um roubo dissimulado, hoje os PAÍSES mais pobres sofrem com a inflação do dolar... Não seria a hora de se desindexar do dolar e passar a usar o Euro? Os EUA emitiram BILHÕES de dólares! Lastreados em que??? Papel moeda, mentira! Eles não têm tanta riqueza! Vejam:
(de http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u334561.shtml)
Mundo paga por ajuste do déficit dos EUA
CLÁUDIA TREVISAN
da Folha de S.Paulo

O mundo está pagando o custo do ajuste da economia dos Estados Unidos por meio da queda do dólar, que dificulta as exportações industriais dos demais países e corrói o valor de seus ativos denominados na moeda norte-americana, como as reservas internacionais.

No caso do Brasil, o recuo do dólar é acentuado pela enxurrada de capital externo que entra no país na forma de superávit comercial, investimento estrangeiro direto e recursos financeiros em busca da polpuda remuneração proporcionada pela taxa de juros interna.

Natan Blanche, da consultoria Tendências, calcula que 2007 fechará com um fluxo de US$ 84,6 bilhões, quase três vezes acima dos US$ 30,6 bilhões registrados no ano passado.

Nos últimos seis meses, o dólar perdeu 10,85% de seu valor em relação ao real. Se forem considerados os últimos dois anos, o percentual é de 23,1%. Em três anos, sobe para 53,7%.

O efeito mais nocivo desse movimento é o encarecimento dos produtos brasileiros quando convertidos em dólar, o que dificulta as exportações. Um carro de R$ 30 mil que seria exportado a US$ 15 mil com um dólar a R$ 2 sai por US$ 16,66 mil se a cotação cai a R$ 1,80.

Não por acaso, o percentual das vendas aos EUA no total das exportações brasileiras ficou em 15,8% nos primeiros oito meses do ano, comparado a 18% em igual período de 2006.

"Eu não me lembro de ter visto um percentual tão baixo. Historicamente, as exportações do Brasil para os Estados Unidos representavam entre 19% e 24% do total", observa o embaixador Rubens Ricupero, ex-ministro da Fazenda e ex-secretário-geral da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento). Os EUA são o principal e o mais "nobre" mercado para as exportações brasileiras, com alta participação de produtos manufaturados, como aviões, autopeças e aço.

A aceleração da queda do dólar nas últimas semanas também passou a preocupar os europeus, que temem o efeito do movimento sobre suas exportações e, em conseqüência, seu ritmo de crescimento. No dia 20 de setembro, o euro superou a cotação de US$ 1,40 pela primeira vez desde seu lançamento, em 1999. Na sexta-feira, a moeda fechou em US$ 1,414.

O assunto estará no centro da reunião que ministros europeus realizam amanhã em preparação ao encontro das sete nações mais industrializadas do mundo, o G7, na próxima semana, em Washington.

A perda de valor do dólar é o reflexo dos desequilíbrios da economia dos Estados Unidos, que registra um déficit recorde de 8% do PIB em suas transações com o restante do mundo. Isso significa que os norte-americanos precisam emprestar ou atrair quase US$ 1 trilhão dos demais países para fechar suas contas ao fim de um ano.

O caminho mais óbvio para corrigir o desequilíbrio é a desvalorização da moeda, que torna os produtos de exportação americanos mais baratos, e as importações, mais caras. A lógica é que o movimento leve à redução do déficit comercial e ajude a equilibrar as contas com o restante do mundo.

A desvalorização do dólar foi acentuada em setembro pela decisão do Federal Reserve, o Banco Central americano, de cortar a taxa de juros em 0,5 ponto percentual, para 4,75%. "Um dos atrativos para os investidores aplicarem em uma moeda é a taxa de juros", ressaltou Paulo Gala, professor de macroeconomia da FGV (Fundação Getulio Vargas).

Com o corte de setembro, a taxa de juros nos Estados Unidos ficou apenas 0,75 ponto percentual acima dos 4% da zona do euro. Em artigo publicado no "Financial Times" de quinta-feira, David Woo, do Barclays Capital, afirmou que as transações dos últimos anos indicam que os juros norte-americanos têm de estar no mínimo entre 1 e 1,5 ponto percentual acima da taxa européia para que os investidores mantenham posições em dólares.
Diante das perspectivas negativas para a economia americana, Gala avalia que os juros não subirão ou poderão até cair mais, o que sustentaria a tendência de baixa do dólar.

Ricupero acredita que os EUA manterão os juros baixos para evitar uma recessão, o que trará conseqüências negativas aos demais países, com a queda do dólar e a ameaça de inflação. "Os americanos têm uma capacidade extraordinária de saírem de crises e fazer com que os outros paguem por elas."

Mãe solteira multada em R$ 400 mil: download ilegal

Eu não comento... Deixo para vocês: O que vocês acham?

Mãe solteira leva multa de R$ 400 mil por download ilegal nos EUA
(de http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u334111.shtml)
da Folha Online

A norte-americana Jammie Thomas, mãe solteira de dois filhos, terá de pagar US$ 222 mil (mais de R$ 400 mil) a seis empresas da indústria fonográfica. Ela é acusada pelas gigantes da música de fazer download ilegal de suas obras, protegidas por direitos autorais.

Julia Cheng/AP

Jammie Thomas e seu advogado, Brian Toder, após julgamento
A multa é equivalente a cinco vezes ao que Thomas recebe anualmente em seu trabalho. Entre as músicas baixadas pela internauta --o total seria de 1.702, mas o processo se restringe a 24 arquivos-- estavam canções dos grupos Destiny's Child, Green Day e Guns N' Roses.

Receberão o dinheiro da multa as empresas Warner Bros. Records, Sony BMG, Arista Records LLC, Interscope Records, UMG Recordings e Capitol Records.

A decisão foi tomada ontem (4) pela Justiça de Minnesota, onde Thomas mora. Ela terá que pagar US$ 9,25 mil por cada um dos 24 arquivos compartilhados ilegalmente na web no programa Kazaa, em 2005. Thomas negou as acusações, afirmando nunca ter usado uma rede de troca de arquivos.

"Mensagem"

"Espero que isso [a multa] seja uma mensagem de que baixar e compartilhar nossos arquivos não está certo", disse o advogado Richard Gabriel, que representa as empresas da indústria fonográfica que processaram a mulher.

"Um quarto de seu salário está comprometido até o fim da vida", afirmou Brian Toder, o advogado da mulher. O advogado disse que ela chorou ao ouvir o veredicto.

A decisão judicial prevê que Jammie Thomas pague US$ 9,25 mil (cerca de R$ 16,7 mil) por cada uma das 24 músicas apontadas no processo.

Até agora, a Associação Americana da Indústria fonográfica (RIAA, na sigla em inglês) já entrou com 26 mil processos contra indivíduos acusados de compartilhar músicas pela rede, mas esta é a primeira vez que uma disputa vai parar no tribunal.

Parabéns, Bush!

É assim que demonstras teu espírito cristão?

(de http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u333580.shtml)
Bush veta projeto de saúde para crianças pobres
da France Presse

O presidente George W. Bush vetou nesta quarta-feira um projeto de lei que ampliaria o seguro saúde para crianças pobres, em decisão criticada por seus adversários, anunciou a Casa Branca.

Esta é a quarta vez que Bush utiliza seu poder de veto em quase sete anos de presidência. A decisão, a um ano das eleições presidenciais, preocupa seus aliados do partido Republicano.

Vários republicanos receiam que os americanos os acusem de não se preocupar com a saúde das crianças.

Ao vetar a proposta de ampliar um programa social existente, Bush assume, mais uma vez, o risco de descontentar a opinião pública e se expõe a críticas, tanto dos democratas quanto de parte dos republicanos.

De acordo com uma recente pesquisa do jornal "Washington Post" com a TV ABC, 72% dos americanos aprovam o texto.

Na segunda-feira, crianças desfilaram diante da Casa Branca com carrinhos cheios de petições contra o veto.

O projeto de lei vetado por Bush ampliaria o Programa para o Seguro Saúde das Crianças (SCHIP, em inglês).

Criado em 1997 para lidar com o crescente número de crianças sem seguro, em um país conhecido por carências neste âmbito, o SCHIP cobre 6,6 milhões de pessoas, essencialmente crianças de famílias que ganham demais para se beneficiar do seguro básico, mas não o suficiente para pagar um seguro privado.

Os democratas, mas também muitos republicanos, aprovaram um aumento de 35 bilhões de dólares em cinco anos para permitir que quatro milhões de crianças suplementares se beneficiem do SCHIP. Este esforço seriam financiado por um aumento entre 0,61% e 1 dólar da taxa federal imposta aos cigarros.

Porém, Bush afirma que a lei permitiria que muitas pessoas que podem pagar um seguro privado se aproveitariam do seguro público.

O DESENVOLVIMENTO PREDADOR DA AMÉRICA LATINA

A pergunta que cabe é: "Para que desenvolvimento se não há distribuição de renda?"...

Do "Jornal Absoluto" de Adelomo Müller (http://jornalabsoluto.com.br/):

O DESENVOLVIMENTO PREDADOR DA AMÉRICA LATINA

Sob o guarda-chuva do desenvolvimento e da integração, estradas, pontes, represas, gasodutos, portos e outras obras de infra-estrutura se expandem pela América do Sul, muitas realizadas sem levar em conta zonas protegidas que abrigam recursos biológicos únicos e culturas extremamente vulneráveis. “A colonização na América Latina se fez historicamente na periferia, mas agora assistimos a uma segunda onda que se dirige ao coração do continente”, disse à IPS o argentino Jorge Cappato, coordenador de um simpósio que analisou a incidência dos megaprojetos em áreas sob proteção e ecossistemas críticos.

Este simpósio aconteceu por ocasião do II Congresso Latino-americano de Parques Nacionais e Outras Áreas Protegidas, que reúne mais de dois mil acadêmicos, ambientalistas e delegados governamentais desde domingo até sábado próximo em San Carlos de Bariloche, 1.600 quilômetros a sudoeste de Buenos Aires. Em dois painéis muito concorridos, os congressistas apresentaram estudos sobre o impacto das obras, a maioria delas realizadas dentro da Iniciativa para a Integração da Infra-estrutura Regional Sul-americana (IIRSA), um programa lançado na cúpula de 2000 em Brasília.

O IIRSA pretende avançar na integração física da região mediante cerca de 400 projetos de transporte, energia e telecomunicações nos 12 países sul-americanos, a um custo que supera os US$ 38 bilhões. Algumas das obras estão em pleno desenvolvimento e outras ainda encontram-se no papel. Ernesto Raez Luna, da organização Conservação Internacional do Peru, disse que a rodovia interoceânica sul em seu país, que vai do Brasil ao litoral do Pacifico, cruza a selva amazônica em áreas de grande biodiversidade e afeta oito zonas protegidas. “Sessenta e dois por cento da Reserva Nacional Tambopata foi desmatada para este projeto”, ressaltou.

Por sua vez, Alberto Barandiarán, da organização Direito, Ambiente e Recursos Naturais do Peru, explicou que 68% da Amazônia desse país têm terrenos de exploração de hidrocarbonos. “Há 20 desses lotes que se superpõem com áreas protegidas, dos quais 12 foram concedidos de forma ilegal”, denunciou. Por sua vez, Leonardo Colombo Fleck, da Bolívia, destacou o impacto econômico, social e ambiental da estrada que cruza o Parque Nacional Madidi, o de maior biodiversidade em seu país. Segundo estima, além de ter custos ambientais o projeto tampouco é sustentável economicamente.

“Mas já não é só a IIRSA”, disse Capapto. “Há outras iniciativas nacionais e regionais, como o programa de aceleração do crescimento econômico (PAC) no Brasil, que contém projetos cujos padrões ambientais procuram ser salvos rapidamente para garantir obras de um suposto desenvolvimento ou uma suposta integração”, acrescentou. Para Cappato, que preside na Argentina a Fundação Proteger, o desenvolvimento e a integração são necessários “sempre que avançarem em harmonia com o meio ambiente e melhorarem a qualidade de vida das comunidades locais”. Porém, em alguns casos se arrasa a agricultura familiar e outras formas de economia local, denunciou.

Em um dos painéis foi apresentada uma pesquisa intitulada “Uma tempestade perfeita na Amazônia”, sobre o impacto da IIRSA nessa região, elaborada por Thimothy Killeen, um biólogo norte-americano residente na Bolívia, e parte do Centro de Estudos Aplicados da Biodiversidade, da organização ambientalista Conservação Internacional. Em conversa com a IPS, Killeen explicou que o livro “evita juízos de valor” sobre a IIRSA e descreve os processos de produção de camponeses e produtores agropecuários da Amazônia, alguns muito racionais, afirma. “Nós ambientalistas temos a tendência de endemoniar, e na verdade devemos entender o que acontece”, afirmou.

“Há um mito em nossa área que indica que a agricultura e a pecuária na Amazônia são insustentáveis no tempo, mas, não é assim. A tecnologia permite investimentos para 30 ou 30 anos. O desmatamento ali produz riqueza e, se queremos conseguir propósitos de conservação, temos de conhecer esta realidade”, destacou. A Amazônia tem 6,6 milhões de quilômetros quadrados, a maior parte no Brasil, mas também se estende por Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa e Suriname. Do total da superfície, 45% são áreas protegidas ou territórios indígenas.

O trabalho de Killeen sugere que o programa da IIRSA em seus princípios é “visionário”, e acrescenta que “se trata de uma iniciativa prática de integração física do continente”. Entretanto, advertiu que muitos investimentos acontecerão sobre “ecossistemas e culturas extremamente vulneráveis à mudança”. Também alertou que os estudos de impacto ambiental realizados por organismos multilaterais que financiam as obras são insuficientes e estão vinculados a projetos individuais, sem levar em conta o impacto conjunto dos investimentos. A “IIRSA deve incorporar medidas para evitar o minimizar os impactos mais nocivos”, ressaltou Killeen.

Dos 10 corredores projetados na Amazônia, nove cruzam a Área Silvestre de Alta Densidade, uma zona que fornece ao mundo reservas de carbono para mitigar a mudança climática, recursos hídricos e regulagem climática. Algumas das regiões afetadas contêm “um número extraordinariamente alto de espécies que não se encontram em nenhum outro lugar do planeta”, disse o biólogo. Por isso, “está em risco a área silvestre maior do mundo, que proporciona serviços ecológicos a comunidades locais, regionais e ao mundo inteiro. Lamentavelmente, a IIRSA foi concebida sem se prestar atenção aos seus possíveis impactos e deveria incorporar medidas para garantir que os recursos naturais renováveis da região sejam conservados e que as comunidades tradicionais se fortaleçam”, reclamou.

Entre as propostas de Killeen, está a de desenvolver programas que em lugar de premiar o que desmonta, se evite que isso aconteça. Segundo suas estimativas, os governos poderiam subsidiar ciclos mais longos de corte para o desmatamento, ou aproveitar o novo mercado de bônus de carbono. “O ativo maior e ainda não explorado da Amazônia é constituído por reservas de carbono, calculadas em um valor de US$ 2,8 bilhões se forem transformados em dinheiro nos mercados atuais”, afirmou. Se os países amazônicos reduzirem em 5% ao ano durante 30 anos sua taxa de desmatamento atual conseguirão uma queda das emissões de gases causadores do efeito estufa, que pode se traduzir em crédito para atender as necessidades de saúde e educação de mil municípios dessa região. Por Marcela Valente, da IPS/Envolverde.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007