terça-feira, 29 de abril de 2008

Gravadoras processam Project Playlist por violação de direitos

Quando é que estas gravadoras vão se convencer de que o tempo delas acabou?

Gravadoras processam Project Playlist por violação de direitos

REUTERS

NOVA YORK - Nove grandes gravadoras voltaram a abrir processo contra um provedor de música online, acusando a Project Playlist de "violação maciça" de seus direitos autorais sobre canções de artistas como U2 e Gwen Stefani.

A Project Playlist (http//www.projectplaylist.com) permite que seus usuários encontrem, executem e troquem música com outros usuários da Internet facilmente e de graça, de acordo com o processo aberto no tribunal federal de Manhattan.

O site compila um vasto índice de canções na Internet, e os usuários podem "rápida e facilmente buscar gravações de seus artistas favoritos no índice. Basta um clique e o Project Playlist instantaneamente executa as canções em formato digital na máquina do usuário, seja computador ou aparelho portátil", alega o processo.

"A Project Playlist também começou a otimizar seu site para uso em iPhones e iPods", alegam as gravadoras no processo.

A empresa, afiliada da KR Capital Partners, também permite que os usuários divulguem suas playlists pessoais em sites de redes sociais como MySpace, Facebook e Blogger, segundo o processo. As gravadoras afirmam que o site projectplaylist.com recebe mais de 600 mil usuários ao dia, com cerca de 9,5 milhões diários de páginas visitadas.

"Em resumo, todo o negócio (da Project Playlist) não é mais que uma imensa violação dos direitos autorais das gravadoras", alegam os queixosos.

As gravadoras pedem uma ordem que proíba a Project Playlist de continuar a oferecer música aos seus usuários gratuitamente, e também querem indenização que não foi especificada na ação.

As tentativas de contato com a Project Playlist não foram respondidas.

As nove gravadoras são Atlantic Recording, Elektra Entertainment e Warner Bros., do Warner Music Group; Capitol Records, Priority Records e Virgin Records America, do EMI Group; e Interscope Records, Motown Record e UMG Recordings, do Universal Music Group, subsidiária da Vivendi.
(de http://www.estadao.com.br/arteelazer/not_art164666,0.htm)



EUA suspendem programa voltado a imagem positiva do Iraque

Mentirosos, mentirosos, mentirosos!

EUA suspendem programa voltado a imagem positiva do Iraque

Desde 2002, Pentágono informava analistas sobre guerra para gerar uma cobertura propícia aos EUA na imprensa

WASHINGTON - O Pentágono suspendeu o programa pelo qual fornecia informação sobre o Iraque a militares aposentados que, depois, apareciam em veículos de comunicação como analistas para dar uma imagem positiva da guerra.

O porta-voz do Departamento de Defesa americano, Bryan Whitman, qualificou nesta segunda-feira, 28, a suspensão do polêmico programa de "temporária" para que o Pentágono possa revisar sua aplicação e determinar se violava ou não as normas internas. O programa foi administrado pelo escritório de Relações Públicas do Departamento de Defesa que será investigado também, segundo Whitman, que acredita que nenhuma lei foi violada.

A suspensão do programa ocorre uma semana depois que o jornal "The New York Times" revelou que o Pentágono "cultivou" desde 2002 várias dúzias de analistas em matéria de defesa para gerar, através de uma campanha de persuasão, uma cobertura "propícia" à Guerra do Iraque na imprensa.

Os militares aposentados apareceram em "dezenas de milhares" de ocasiões na televisão e na rádio, onde falaram favoravelmente sobre Iraque, Afeganistão e a luta antiterrorista em geral.

Por causa da notícia publicada no "New York Times", vários congressistas democratas expressaram sua irritação com o programa e exigiram que o Pentágono o investigue.

O ex-secretário de Defesa Donald Rumsfeld começou em 2003 a fornecer informação a militares aposentados, pouco antes da invasão do Iraque.

O jornal nova-iorquino afirmou que o Governo do presidente americano, George W. Bush, usou os analistas como uma espécie de cavalo de Tróia na imprensa, um instrumento para moldar a cobertura midiática da luta antiterrorista.

Segundo o "NYT", os analistas, muitos deles relacionados com militares de empresas terceirizadas, receberam "centenas" de reuniões informativas privadas com autoridades do Ministério de Defesa e tiveram acesso à informação classificada em viagens pagas pelo Pentágono ao Iraque e à base naval de Guantánamo, em Cuba.

Muitos dos analistas utilizados como "mensageiros" pelo governo têm vínculos com as mais influentes empresas de defesa no país e representam mais de 150 militares de companhias terceirizados, seja em qualidade de consultores, executivos, ou membros de suas juntas diretivas, segundo o jornal.


(de http://www.estadao.com.br/internacional/not_int164359,0.htm)

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Surto antiindígena

Votei numa pesquisa que perguntava se eu concordava ou não com a opinião de certo general. Respondi que não e fiquei estarrecido com a quantidade dos que votaram no "sim"...
Esta é minha opinião:

Surto antiindígena

Boris Fausto e Carlos Fausto

Na última semana, certos órgãos de imprensa, ideólogos conservadores e setores militares sofreram um verdadeiro surto antiindígena, diante da demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, que se arrasta há três anos, desde sua homologação. Curiosamente, seis (isso mesmo, seis!) arrozeiros que ocuparam terras públicas, reconhecidas como indígenas, nas três últimas décadas, tornaram-se, de um dia para o outro, vítimas de um suposto conluio, reunindo ONGs internacionais e setores do governo. Do baú se retiraram inúmeros fantasmas - "ameaça à soberania nacional", "guerra étnica", "internacionalização", "risco ao desenvolvimento". E a responsabilidade por essas ameaças passou a ser, para citar o título de um editorial do jornal O Globo, a "sandice indígena". Mas a sandice é exatamente de quem? O que se esconde por trás dessas imagens de uma ameaça (pele) vermelha?

Trata-se, é claro, de uma campanha bem orquestrada, conectando uma situação regional ao espaço público nacional e às principais instituições da República. Mas quais são os fatos? A Polícia Federal foi chamada a fazer a desintrusão de uma área indígena quando já encerrado o procedimento homologatório. Alguns poucos produtores de arroz se armaram, com o apoio político local, para resistir, queimando pontes e ameaçando usar táticas terroristas. Esses produtores não possuem títulos legítimos sobre as terras que ocupam. Contudo, acatando ação proposta pelo governo de Roraima, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu a operação da Polícia Federal, adiando-a até o julgamento do mérito da questão, em meio às críticas furiosas contra os direitos indígenas.

Por que falar em direitos? Porque os povos falantes de línguas das famílias karib e arawak que lá habitam são descendentes de populações que chegaram à região há, possivelmente, 3 mil anos. A partir do século 17, esses povos se viram colocados na intersecção do colonialismo português e holandês. Objeto de disputa entre as nações européias, sofreram ataques militares, foram escravizados, aldeados e catequizados, mas resistiram, numa fronteira que só seria definida em 1904, quando cessou um contencioso territorial entre o Brasil e a Inglaterra.

A Constituição de 1988 reconhece aos indígenas o direito a essas terras e a regulamentação complementar define o processo administrativo para tal reconhecimento. Isso não significa que os índios passem a ser proprietários da área: eles têm a posse, mas não o domínio, que pertence à União. Esse fato, aliás, foi bem ressaltado pelo então procurador da República, Gilmar Ferreira Mendes, no âmbito da Ação Cível Originária nº 362 (Estado de Mato Grosso versus União Federal e Funai), em 1987.

Se as terras indígenas são parte dos bens da União, cabe ao poder central protegê-las. O Exército ou a Polícia Federal podem (e devem) lá entrar para garantir a segurança da fronteira, combater atividades criminosas, enfrentar emergências sanitárias, etc. Note-se que, no caso de Roraima, foram os arrozeiros, e não os índios, que impediram a entrada da Polícia Federal. Por que, então, seriam as terras indígenas, e não as grandes propriedades privadas, que ameaçariam nossas fronteiras? E se os proprietários fossem grupos ou corporações estrangeiras, haveria ameaça maior, como certamente diriam os nacionalistas?

É triste constatar que se faça tanto alarde em torno de 1,7 milhão de hectares habitados por 18 mil índios, com ocupação ininterrupta por milhares de anos, e poucos se escandalizem com a apropriação ilegal de áreas imensas, às vezes maiores do que essa, por um só proprietário. Boa parte dos títulos de terra na Amazônia possui cadeias dominais duvidosas, gerando situações de superposição e de violência. Enquanto o Estado brasileiro não regularizar esta situação, o desenvolvimento econômico na região tende a ser um rótulo enganoso para a depredação ambiental, a reprodução da miséria e a usurpação do patrimônio público.

O que está em jogo nessa polêmica não é apenas a Raposa Serra do Sol. É um princípio constitucional que assegura a integridade física e cultural dos índios. Transformar as áreas indígenas em "ilhas" é uma velha idéia (e um velho sonho) conservadora. O saudoso ministro do STF Victor Nunes Leal, ao tratar de questão similar, já alertava para os perigos, asseverando: "Aqui não se trata do direito de propriedade comum. (...) Não está em jogo (...) um conceito de posse, nem de domínio, no sentido civilista dos vocábulos; trata-se do hábitat de um povo. (...) Se (a área) foi reduzida por lei posterior, se o Estado a diminuiu de dez mil hectares, amanhã a reduziria em outros dez, depois, mais dez, e poderia acabar confinando os índios a um pequeno trato, até o terreiro da aldeia (...)" (Recurso Extraordinário nº 44.585, Rel. Min. Victor Nunes Leal, Referências da Súmula do STF, v. 25, pp. 360-61). Para evitar esse risco, a Constituição de 1988 reconheceu aos índios o direito originário sobre suas terras.

A defesa da diversidade étnica, cultural e lingüística no Brasil não põe em risco a integralidade do território nacional nem promove uma guerra étnica ou a criação de uma suposta "nação indígena". O que nossa Constituição garante é o direito à diversidade, vendo nisso um elemento positivo para a construção de uma Nação mais rica e mais generosa. Felizmente, já se vai o tempo em que todos devíamos ser assimilados a um só modelo. Pena que alguns continuem a flertar com uma visão de ordem-unida. Façamos votos para que o STF tome a decisão acertada e não provoque um retrocesso em nosso país.

Boris Fausto, historiador, é presidente do conselho acadêmico do Gacint (USP) e autor, entre outros, de História do Brasil (Edusp)
Carlos Fausto, antropólogo, é professor do Museu Nacional (UFRJ) e autor, entre outros, de Inimigos Fiéis: História, Guerra e Xamanismo na Amazônia (Edusp)

(de http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080428/not_imp163894,0.php)

Termelétricas e desmatamento: o poder das "forças de mercado"

Pelo fim do "mercado". Pelo fim do capitalismo selvagem. Por uma revolução. Ou o caos.

Termelétricas e desmatamento: o poder das "forças de mercado"




Mendes Thame ( * )

Nicholas Stern, em seu recente relatório sobre Mudanças Climáticas (2006), afirma que “as mudanças climáticas decorreram da maior falha de mercado, na história do capitalismo”.

Como pode o mercado falhar? As forças de mercado não precificam tudo instantaneamente, conduzindo sempre, invariavelmente, ao ponto de ótimo? O fato é que o mercado falhou, porque se baseou em premissas falsas.

A primeira premissa foi assumir que o ambiente possui recursos inesgotáveis, e por isso não haveria necessidade de levar em conta a disponibilidade dos insumos. Esta hipótese está presente nos modelos econômicos de crescimento, para os quais os avanços tecnológicos sempre seriam capazes de suprir e compensar as limitações ambientais, permitindo um crescimento exponencial infinito do PIB, neste planeta finito. Esta premissa enganosa esteve e está presente na irresponsável destruição dos ecossistemas, base de sustentação de todas as cadeias da vida sobre a face da Terra.

A segunda grave premissa foi admitir que o sistema econômico fosse neutro, em relação ao ambiente. Em outras palavras, admitir que os fluxos de oferta e procura determinam os preços relativos, sem levar em conta os efeitos (“externalidades”, na linguagem dos economistas) causados sobre o ambiente. Desde a 1ª revolução industrial, por volta de 1760, quando foi descoberto o motor a vapor, e a 2ª revolução, 90 anos depois, quando se descobriram a eletricidade e o motor a combustão interna, as forças de mercado implacavelmente foram impondo o uso dos insumos relativamente mais baratos (carvão e petróleo), para produzir energia, sem levar em conta os efeitos deletérios das resultantes emissões de CO2 e induzindo a humanidade ao sobreconsumo destes combustíveis, criando nos últimos anos uma “civilização carbonária”, responsável pela emissão cada vez maior de dióxido de carbono (CO2), acirrando o “efeito estufa” e gerando o aquecimento global. Em outras palavras, o mercado falhou, porque só vê os preços relativos e, em função aos mesmos, procura maximizar os lucros, no curto ou no médio prazo, sem levar em conta os custos das “externalidades”, nos cálculos econômicos.

As “forças de mercado” são implacáveis. Nos recentes últimos leilões da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), para fornecimento de energia elétrica, a partir de 2010, a maior parte da energia nova contratada (7,3 milhões de quilowatts já licitados e que ainda não foram implantados) virá de termelétricas, a maioria delas movidas a óleo diesel, a gás ou a carvão. Isto porque estas foram as propostas vencedoras nos leilões, por oferecer a energia mais barata. Com isso, nossa matriz de energia elétrica, por enquanto uma das mais limpas do mundo, com mais de 80% de origem hidráulica, em menos de cinco anos deverá apresentar um perfil completamente diferente: 57% advirão de termelétricas, o que despejará mais 18,5 milhões de toneladas equivalentes de CO2 na atmosfera, anualmente.

Por outro lado, nos anos de 2005 e 2006, o desmatamento da Amazônia diminuiu. Em 2007, os índices voltaram a subir, principalmente no Mato Grosso, Rondônia e Acre, com a agravante de 25% das áreas desmatadas estarem em unidades de conservação ou reservas indígenas, as quais deveriam estar sob estrita vigilância do governo federal e estadual.

Este aumento impressionante no desmatamento, na verdade, confirma o que muitos já vinham observando: a redução do desmatamento em 2005 e 2006 se deveu muito mais à queda dos preços e da demanda internacional por carne e por soja, do que a avanços na fiscalização ou no monitoramento.

Em 2007, com a cotação da soja chegando a níveis recordes na Bolsa de Chicago e com o aumento das exportações de carne, o desmatamento volta a crescer assustadoramente. É o poder das “forças de mercado”, ditando o ritmo da destruição da Amazônia, perante uma ação governamental praticamente nula.

Como enfrentar o poder de mercado e corrigir suas falhas? Só há uma forma: com ações de governo. A correção deverá vir mediante leis que imponham medidas mandatárias, leis de comando e controle, leis de precaução ou leis de incentivos, todas de caráter juridicamente vinculante. Leis de âmbito internacional, porque país algum conseguirá, isoladamente, reverter o processo de aquecimento global, através de sua exclusiva ação unilateral.

Aprovar tais ações multilaterais, no entanto, é decorrência da conscientização ambiental do conjunto da sociedade. Dessa forma, despertar a opinião pública mundial em torno de mobilização coletiva que induza à aprovação dessas leis é o caminho para começar a edificar uma civilização que adote o desenvolvimento sustentável como forma de produzir, de consumir, de viver.



Notas:

* Mendes Thame, Deputado Federal PSDB-SP.

(de http://www.jurid.com.br/new/jengine.exe/cpag?p=jornaldetalhedoutrina&ID=47356&Id_Cliente=44253)

Aliado de militar vai a audiência no Araguaia - oquiquiéisso?!?!

O quequiéisso!?!?!

Aliado de militar vai a audiência no Araguaia

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SERGIO TORRES
da Folha de S.Paulo, São Domingos do Araguaia (PA)

A audiência da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça foi acompanhada ontem, em São Domingos do Araguaia (a cerca de 540 km de Belém), por ao menos dois homens identificados por moradores da região como envolvidos com militares que, na primeira metade dos anos 70, combateram na área a guerrilha rural do PC do B.

Um deles foi reconhecido como o mateiro José Maria, de apelido Catingueiro, apontado como colaborador do Exército na busca aos guerrilheiros.

Para o vice-presidente da Associação dos Torturados do Araguaia, Sezostrys da Costa, a presença de Catingueiro no lugar em que a Comissão de Anistia tomava depoimentos representa "clara tentativa de intimidação" daqueles que reivindicam indenização.

A professora Edna Rodrigues de Souza, 57, afirmou ter se atemorizado ao ver no local o homem que ajudou os militares a localizá-la. "Fui presa 90 dias, torturada, estuprada por um monte de urubu, bicho-monstro, porque era amiga dos "paulistas" [como os guerrilheiros eram chamados]. Vim aqui contar minha história e dou de frente com o Catingueiro. Vou embora daqui", afirmou ela.

O presidente Paulo Abrão Júnior, sete conselheiros e funcionários da comissão estiveram no município para interrogar os habitantes que entraram com pedido de indenização por supostas perseguições e maus-tratos sofridos durante a passagem dos militares pelo Araguaia, que abrange o sudeste paraense, o norte de Tocantins e o sul do Maranhão.

Pelo menos 300 moradores das cidades que formam a região, cortada pelos rios Araguaia e Tocantins estiveram no sítio, na área central de São Domingos, em que a comissão foi alojada. Assim que chegaram ao local, muitos reconheceram Catingueiro.

Camponês à época, Catingueiro aliou-se, no relato dos moradores, ao oficial Sebastião Rodrigues de Moura, o Curió, o mais conhecidos dos militares do Exército engajados no combate à guerrilha.

Na primeira visita da Comissão de Anistia a São Domingos do Araguaia, em setembro do ano passado, Catingueiro já esteve presente, segundo relatos à conselheira Roberta Baggio.

"As pessoas estavam tão assustadas que perguntavam: "mas é para contar tudo mesmo?". Nós dizíamos que sim, e elas insistiam: "mas o pessoal do Curió está aí'", disse ela.

O presidente da Comissão de Anistia afirmou que não poderia impedir a circulação de pessoas no sítio, cujos portões ficaram abertos, mas que se hoje, final do encontro, notar que os depoentes estão sendo pressionados, pedirá ação da polícia.

"As pessoas costumam falar que até hoje são ameaçadas para não revelar o que sabem. Se recebermos denúncias de constrangimentos, vou denunciar o fato às autoridades policiais locais", disse Abrão Júnior.

Desaparecidos

Depois da repressão, Curió, então major, permaneceu no Pará. Empregou Catingueiro e anos depois fundou a cidade de Curionópolis, ao sul de Marabá, principal centro urbano do Araguaia. Catingueiro mora hoje em Curionópolis e ainda trabalha com o chefe, conforme os moradores.

Prefeito de Curionópolis até o início deste ano, quando foi cassado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob a acusação de compra de votos na última campanha eleitoral, Curió não quis dar entrevista à Folha. Por telefone, disse que não falaria nada sobre o Araguaia.

À abordagem da Folha no sítio, Catingueiro se afastou, assim como os dois homens que o acompanhavam. Não respondeu ao pedido de entrevista. Um de seus companheiros também teria sido guia do Exército nos deslocamentos pela selva amazônica, reduto dos guerrilheiros.

(de http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u395942.shtml)



sexta-feira, 18 de abril de 2008

Alta de alimentos desafia tendências globais

Virtus in medium est... Em nenhum dos extremos.

Alta de alimentos desafia tendências globais
Fernando Lopes
18/04/2008


Davilym Dourado/Valor
"Vivemos o início de um fenômeno que compreendemos mal", afirma o diplomata e ex-ministro Rubens Ricupero
Mais do que refletir um desajuste entre oferta e demanda aprofundado pela onda dos biocombustíveis, o progressivo aumento dos preços dos alimentos ao redor do mundo deflagrou um debate global em torno do futuro das relações comerciais internacionais e da eficácia de modelos e técnicas de produção que se consolidaram a partir da revolução verde, que já comemora seu cinqüentenário.


Dessas discussões, acredita Rubens Ricupero, surgirão novos conceitos. E, à luz dos "complexos problemas" atuais, uma "multiplicidade de decisões" terá de ser adotada para resolvê-los, com efeitos sobre um rearranjo de forças econômicas já em andamento. "De certa forma", diz o diplomata, ex-ministro da Fazenda de Itamar Franco e ex-secretário-geral da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), "é tranquilizador saber que isso vai acontecer".


Para Ricupero, diretor da Faculdade de Economia e Relações Internacionais da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) desde 2005, "vivemos o início de um fenômeno que compreendemos mal". Ele afirma que tem acompanhado de perto o desenrolar das polêmicas sobre a questão, sempre acompanhadas de diagnósticos e projeções, mas que sente falta de uma análise mais aprofundada sobre alguns fatores que, em sua opinião, podem mudar o rumo dos acontecimentos.


O primeiro ponto, atenta, é que "tudo o que se afirma é por aproximação". Não há, em sua visão, respostas empiricamente comprovadas para mensurar influências como os problemas climáticos que já castigam algumas regiões, o real vínculo entre os preços do petróleo e das commodities agrícolas, os subsídios energéticos em países desenvolvidos ou mesmo o tamanho da futura demanda de países como China e Índia, entre outros emergentes responsabilizados pela espiral inflacionária que chega a encarecer produtos que sequer consomem. Ricupero lembra, por outro lado, que preços de produtos como o açúcar, por exemplo, não estão em linha com a tendência geral de valorizações.


O segundo ponto levantado pelo diplomata diz respeito à relação entre oferta e demanda em si. Ele acredita que a velha máxima de que ambos sempre se encontrarão no futuro, em um equilíbrio regulado pelo mercado, pode estar com os dias contados, uma vez que há limitações físicas no horizonte. É o caso do petróleo, cuja oferta deveria estar mais abundante se dependesse apenas dos preços - elevados há pelo menos dois ou três anos -, mas que começa a encontrar limitações em países como a Rússia e que já declina no México e em outros produtores.


Menos badalada, a produção de fertilizantes encara cenário semelhante, até porque as matérias-primas derivadas do nitrogênio e que compõem os adubos vêm exatamente do petróleo. "As cotações do petróleo não voltarão mais [aos níveis anteriores à atual escalada], portanto o efeito dessa alta sobre os fertilizantes poderá ser permanente". No caso do potássio, outra importante fonte de nutrientes para a agricultura, as perspectivas de Ricupero são igualmente pessimistas, já que o produto é extraído de poucas minas e a expansão da oferta exige investimentos vultosos.


Ainda na relação entre oferta e demanda, afirma Ricupero, não se sabe ao certo até que ponto a produção de alimentos está sendo influenciada pelo já presente fenômeno do aquecimento global. A Austrália, lembra, vem de seis anos seguidos de seca, o que praticamente dizimou sua produção de arroz. Grande parte dos rizicultores do país vendeu os direitos que tinha para o uso de água e abandonou a cultura, transformando uma escassez conjuntural em definitiva.


Outra faceta do segundo ponto levantado por Ricupero envolve o acelerado processo de degradação e erosão de solos e os avanços tecnológicos necessários para corrigi-las. Proliferam-se estudos que mostram a queda das despesas dos governos com pesquisas agrícolas - no Brasil inclusive - e a concentração desses gastos em grandes multinacionais privadas.


Ricupero usa o gancho para entrar em uma seara que costuma provocar celeuma: o conflito entre o agronegócio e a agricultura familiar. "É preciso entender que a agricultura em larga escala não vai resolver a fome no mundo". Após as inúmeras visitas que fez pela Unctad a países pobres como Etiópia e Burundi, na África, ele está convencido de que "a verdade não está nos extremos", e que é "simplismo achar que todos os problemas podem ser resolvidos pela ciência". Por isso, defende a importância da agricultura familiar e cooperativista, além do estabelecimento de políticas específicas para populações que vivem em condições de insegurança alimentar.


"Em regiões como essas, talvez o agronegócio até tenha condições de gerar oferta. Mas quem teria dinheiro para pagar?", questiona. Ricupero observa que tradicionais grandes doadores globais de alimentos, como os EUA, reduziram muito as ajudas nos últimos anos. Quase em resposta ao diplomata, na quinta-feira mesmo Washington reforçou a promessa de liberar US$ 200 milhões adicionais em ajuda alimentar emergencial para países pobres como os africanos mencionados por Ricupero.


Outro movimento destacado pelo ex-secretário da Unctad é o da "comida zero quilômetro", produzida localmente, com menos tecnologia, para abastecimento de mercados locais. Os orgânicos normalmente entram nesse raciocínio - mas não apenas nesse, já que embutem um apelo de marketing interessante.


O terceiro ponto que começa a ser sacudido pelo aumento global dos alimentos é a política de liberalização do comércio agropecuário. "Toda vez que há uma súbita alta de preços e risco de escassez, como agora, a questão vem à tona". Ricupero considera que o auge da liberalização se deu entre 1880 e a primeira guerra mundial, quando as exportações de alimentos turbinaram o crescimento dos EUA e da Argentina, que chegou a representar a quarta principal força econômica do globo. Depois das duas guerras, porém, a auto-suficiência alimentar voltou à agenda.


Tanto que no fim dos anos 1950 nasceu na Europa a Política Agrícola Comum, pavimentando, diz o diplomata, o caminho para o surgimento da União Européia. A revolução verde e suas tecnologias, sobretudo fertilizantes e defensivos, amenizaram temores de desabastecimento e abriram espaço para a queda de subsídios e barreiras tarifárias, mas Ricupero se recorda que desde a Rodada Uruguai de negociações para a liberalização do comércio o argumento de que agricultura não é indústria e demanda um maior grau de controle está sobre a mesa.


Afinal, indaga, o que seria do "modo asiático de produção agrícola", com milhões de pequenos produtores ineficientes, com a liberalização total do comércio? E ele mesmo responde: "Esse pessoal seria simplesmente aniquilado".

(da ValorOnLine - http://www.valoronline.com.br/valoreconomico/285/primeirocaderno/especial/Alta+de+alimentos+desafia+tendencias+globais,08184,,59,4886895.html)

quinta-feira, 17 de abril de 2008

ENTREVISTA-Especialista no clima diz ter subestimado aquecimento

O que dizer?

ENTREVISTA-Especialista no clima diz ter subestimado aquecimento

GERARD WYNN - REUTERS

LONDRES - Nicholas Stern, especialista em mudanças climáticas, afirmou ter subestimado a ameaça do aquecimento global em um relatório de 18 meses atrás no qual comparou os riscos econômicos impostos pelo aquecimento à Grande Depressão da década de 1930.

As pesquisas mais recentes mostravam que as emissões mundiais de gases do efeito estufa aumentavam mais rapidamente e prejudicavam mais profundamente o clima do que imaginado antes, afirmou Stern à Reuters em uma entrevista concedida na quarta-feira.

Há, por exemplo, indícios crescentes de que os oceanos do planeta encontravam-se cada vez mais saturados e não poderiam absorver uma quantidade tão grande quanto a imaginada antes de gás carbônico (o principal dos gases do efeito estufa), disse o pesquisador.

"As emissões estão aumentando muito mais rapidamente do que poderíamos imaginar, a capacidade de absorção do planeta é menor do que pensávamos, os riscos oferecidos pelos gases do efeito estufa são maiores do que estimavam as mais cautelosas previsões e a velocidade das mudanças climáticas parece ter aumentado", afirmou ele à Reuters, em uma conferência em Londres.

Segundo Stern, o comprometimento de alguns países, como os integrantes a União Européia (UE), com o corte nas emissões precisava agora ser traduzido em ações concretas.

O relatório anterior do cientista previu que, mantidas as tendências atuais, a média global das temperaturas se elevaria em 2 a 3 graus Celsius nos próximos 50 anos mais ou menos, o que poderia reduzir o consumo per capita mundial em até 20 por cento, processo esse no qual os países pobres seriam os mais prejudicados.

Alguns estudiosos afirmaram que Stern tinha exagerado ao prever os custos futuros do aquecimento global em até 20 vezes o custo de combater o problema agora.

Na quarta-feira, o cientista disse que indícios cada vez mais numerosos sobre as mudanças climáticas justificavam seu relatório, divulgado em outubro de 2006.

O Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC), ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), divulgou um relatório no ano passado sem descrever em detalhes algumas das maiores ameaças impostas pelo aquecimento, tais como a capacidade dos oceanos de absorver gás carbônico, porque os cientistas precisavam ter cautela e porque as provas a respeito dessas questões ainda eram escassas, disse Stern, ex-presidente do Banco Mundial.

"O IPCC realizou um trabalho incrível, mas as coisas estão mudando", afirmou à Reuters.

Segundo Stern, a fim de minimizar os riscos das perigosas alterações climáticas, as emissões de gases do efeito estufa deveriam ser cortadas pela metade até o ano de 2050. Ele disse ainda que os EUA deveriam diminuir suas emissões em até 90 por cento até lá.

(de http://www.estadao.com.br/vidae/not_vid157912,0.htm)


terça-feira, 15 de abril de 2008

Maio de 68 ainda divide franceses, 40 anos depois

Eu tinha 15 anos... Aqui no Brasil, saiu o AI5. O regime militar endureceu. Prenderam e mataram estudantes... Na França, começava outra revolução, bem diferente da daqui, de 1 de abril...
Vejam agora, os reflexos e as reflexões:
Maio de 68 ainda divide franceses, 40 anos depois
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Anne-Laure Mondesert, da France Presse em Paris
Formidável impulso de liberdade, ou símbolo da decadência e do relativismo:
40 anos depois do Maio de 68, essa revolta estudantil que agitou a sociedade
francesa continua a provocar debates apaixonados, atiçados pela insistência do
presidente da França Nicolas Sarkozy em "liquidar" sua herança.
O 40º
aniversário dos acontecimentos de Maio de 68 é marcado, na França, por uma
avalanche de publicações - mais de 100 livros se dedicam ao tema -, edições
especiais de jornais e programas na TV, um sinal do interesse intacto por esse
marco da história contemporânea do país.
Esse movimento estudantil, que se
propagou por toda a sociedade e provocou uma greve geral que paralisou o país
por um mês, alcançou a dimensão de um mito, opondo dois campos: "os guardiães do
templo" e "os revanchistas", avalia o sociólogo Jean-Pierre Le Goff.
"A
sociedade francesa oscila entre fascinação e rejeição, não consegue criar um
distanciamento crítico, inserir o 68 na História", avalia o autor do livro "Mai
68, l'héritage impossible" ("Maio de 68, a herança impossível", ainda sem
tradução em português).
Com suas barricadas no Quartier Latin, em Paris,
faculdades ocupadas por estudantes e slogans libertários que se tornaram
célebres, como "é proibido proibir", o evento de Maio de 68 é, regularmente,
acusado pela direita francesa de ter causado a destruição dos valores morais e a
falência do sistema educacional.
Quando era candidato, o agora presidente
Nicolas Sarkozy fazia um apelo aos franceses, em abril de 2007, para "romper"
com o "cinismo" do Maio de 68, que teria "acabado com a diferença entre o bem e
o mal, entre o verdadeiro e o falso, entre o bonito e o feio". Os protestos
foram imediatos na esquerda.
Os acontecimentos de Maio também serviram de
estopim para evoluções que poucos pensam em questionar hoje. A sociedade
francesa dos anos de 1960, sob o general De Gaulle, era uma sociedade "rígida,
fechada", lembra o historiador Michel Winock.
Na época, as mulheres não
podiam trabalhar de calça comprida, a pílula tinha acabado de ser autorizada, o
divórcio por consenso mútuo não existia, os feriados pagos não eram para todos,
e a censura vigorava, sobretudo na TV.
Para eles, Maio de 68 teve uma
influência "mais do que positiva" na divisão de tarefas entre homens e mulheres
(80%), na sexualidade (72%), ou na relação entre pais e filhos (64%).
Quarenta anos depois, os estudantes franceses ainda vão às ruas para se
manifestar, mas a crítica radical ao sistema acontece por meio de combates mais
pragmáticos.
"A juventude mudou muito em relação a 68. Suas condições de
vida se degradaram muito; suas preocupações em relação ao futuro - com o
desemprego - são maiores; o que explica as formas de engajamento mais
materiais", analisa Jean-Baptiste Prévost, presidente do sindicato estudantil
Unef.
Hoje, a sociedade "tem outros problemas", diferentes daqueles de 1968,
resume o ex-líder estudantil Daniel Cohn-Bendit, hoje deputado alemão.
No
livro "Forget 68", esse homem ainda considerado por muitos como a encarnação do
Movimento de Maio --e, por isso mesmo, onipresente no momento na mídia
francesa--, pede que virem a página.
Nesse sentido, ele rejeita, com ironia,
às críticas de Sarkozy. Para ele, o presidente de direita, que se divorciou duas
vezes, é um "sessenta e oitentista", que retomou o slogan de 68 "gozar sem
freios" para si mesmo.

Prosperidade do país é superficial e frágil, diz Mangabeira

É por aí...

Prosperidade do país é superficial e frágil, diz Mangabeira
Cristiano Romero
14/04/2008


Ruy Baron /Valor
Roberto Mangabeira Unger: "Culturalmente, somos caracterizados por um pendor para o improviso"
Trabalhando a toque de caixa num "projeto de desenvolvimento" para o país, o filósofo Roberto Mangabeira Unger diz que a atual prosperidade brasileira, decantada em prosa e verso por seu chefe, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é "aparente", "superficial" e "frágil". Ela é muito dependente, diz o ministro extraordinário de Assuntos Estratégicos, do boom dos preços de commodities e da exportação de produtos primários. Se nada for feito, alerta, o Brasil se transformará no resultado da combinação de uma "grande fazenda" com uma "grande maquiladora".


"Essa prosperidade superficial e frágil não nos deve enganar a respeito da situação em que estamos. Ainda não encontramos o caminho necessário da reconstrução industrial", sustenta o ministro, que embarcou há oito meses no governo sob o olhar desconfiado do próprio presidente da República, que o nomeou num gesto de deferência ao vice-presidente José Alencar, colega de partido de Mangabeira - o PRB. Graças à sua ligação com o empresário Daniel Dantas, arquiinimigo de petistas próximos de Lula, o professor quase foi desconvidado na véspera da posse.


O mal-estar da nomeação, segundo atestam assessores diretos do presidente, foi superado. Mangabeira teria conquistado Lula durante reunião, realizada no início do ano, em que fez uma apresentação do esboço do seu projeto de desenvolvimento, baseado em cinco pilares - oportunidade econômica, educação, qualidade da gestão pública, Amazônia e defesa. O presidente, que antes o considerava um "bicho estranho", nas palavras de um auxiliar, passou a festejar sua presença no governo.


A mudança de prestígio é tal que já há, no Palácio do Planalto, quem cogite o nome de Mangabeira para ser o vice da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, numa possível candidatura à sucessão de Lula, em 2010. "A pessoa mais interessada e entusiasmada com o meu trabalho é o presidente. Ainda bem! Ele sabe que não estamos tratando apenas do futuro do país, mas do legado institucional de seu governo", diz o ministro em entrevista ao Valor. Seus principais aliados no governo são os ministros da Defesa, Nelson Jobim, da Educação, Fernando Haddad, da Ciência e Tecnologia, Sérgio Resende, e da Cultura, Gilberto Gil. Fora do aparato do Estado, informa, os cientistas, a igreja e as Forças Armadas.


"Há atributos comuns a esses três grupos: eles se identificam com a perspectiva nacional e estão fora do mundo do dinheiro", justifica. Os militares são os mais animados. Mangabeira desembarcou em Brasília, virou ministro, mas não tinha uma sala para trabalhar. O Comando do Exército lhe cedeu um andar inteiro no prédio do extinto ministério da força.


Adversário ferrenho da atual política econômica, Mangabeira evita falar de macroeconomia. "Não vou mentir aqui e dizer que mudei de idéia. Não mudei, mas não estou tratando disso." Suas críticas, no entanto, vão além. Ele sustenta que o coração do sistema industrial brasileiro é refém de um "fordismo tardio". "Alcança padrões de excelência fabril, mas é relativamente retrógrado no seu cerne organizativo e tecnológico. Ele se mantém competitivo à base de uma restrição dos setores ao fator trabalho", critica.


Na avaliação do ministro, o Brasil cresce tradicionalmente por meio de alguns setores avançados e internacionalizados, que geram riqueza. Parte dessa riqueza é apropriada pelo governo para financiar programas sociais, como o Bolsa-Família. É muito pouco, diz ele. "Agora, a nação e o governo querem mais. Querem transformar a ampliação de oportunidades econômicas e educativas no próprio motor do crescimento. Para isso, é preciso inovar nas instituições, inclusive naquelas que definem a economia de mercado, e essa é uma prática a que nós nunca nos acostumamos", explica.


Como tem restrições ao atual modelo industrial, amparado na concessão de incentivos fiscais e crédito subsidiado a grandes empresas, Mangabeira informa que seu projeto cria uma política industrial "paralela", voltada para pequenas empresas. "Culturalmente, somos caracterizados por um pendor para o improviso, a anarquia criadora e construtiva. Por todas as razões, deveríamos instrumentalizar essa multidão de empreendimentos emergentes com acesso a crédito, tecnologia e conhecimento", defende.


Para atingir esse objetivo, são necessárias, diz o ministro, três medidas: formar práticas e quadros; ampliar o crédito ao produtor; e promover o que chama de "extensionismo tecnológico". No primeiro caso, ele acha que o país avançou com o Sebrae. Quanto ao segundo, conta que está trabalhando com os bancos públicos para "compreender" os obstáculos que impedem a ampliação do crédito.


Nesse ponto, o professor critica formulação bastante disseminada no governo Lula: a de que o país passou a enriquecer à base da ampliação do crédito ao consumidor e da massificação do mercado de consumo, sem antes ter democratizado o acesso ao trabalho e à produção. "Como se olhássemos para a experiência dos EUA e da Europa nas últimas décadas do século XX, sem perceber que aquela massificação do consumo foi antecedida por gerações de luta a respeito da democratização dos acessos aos instrumentos de trabalho e da produção", pondera.


O plano de Mangabeira para o "extensionismo tecnológico" prevê a criação do que chama de "Embrapa industrial". Não se trata de uma empresa unitária, como a atual Embrapa, mas da criação de uma rede de instituições federais e estaduais, além de universidades, destinadas a disseminar novas tecnologias e técnicas de inovação entre pequenas empresas. Esta seria uma forma, diz ele, de romper com o "fordismo" e evitar que o Brasil se transforme na "grande fazenda e maquiladora" do mundo.


A transição do "fordismo" já teria começado a acontecer, segundo o ministro, no centro industrial do país, onde há formas de produção mais flexíveis, densas em conhecimento e sobretudo vocacionadas para a inovação permanente. O desafio, diz ele, é fazer a travessia, "na vasta periferia econômica do país", do pré-fordismo para o pós-fordismo, sem ter que passar pela etapa intermediária. "O país não tem que primeiro virar a São Paulo de meados do século XX para, depois, virar outra coisa", observa.


O projeto de Mangabeira prevê também mudanças profundas no sistema de trabalho, fundado no período Vargas. Seu diagnóstico é pessimista. Segundo ele, a economia brasileira está ameaçada de ficar imprensada entre as economias de trabalho barato e as de produtividade alta. A situação teria se complicado mais ainda porque países de trabalho barato, como a China, estão se tornando também economias de produtividade elevada.


"Isso cria uma situação extremamente negativa para nós, cuja gravidade é disfarçada por essa prosperidade superficial que estamos vivendo", adverte. "Um dos nossos interesses nacionais mais básicos é escapar dessa prensa pelo lado alto, de valorização do trabalho e de escalada da produtividade, e não pelo lado baixo, de aviltamento salarial, não tentar ser apenas uma China com menos gente. Para isso, precisamos reorganizar as relações entre capital e trabalho."


Mangabeira informa que a discussão desse tópico está focada em três temas: informalidade, participação dos salários na renda nacional e regime sindical. No primeiro caso, o principal objetivo é promover uma desoneração "radical" da folha de pagamento das empresas. A contribuição para o Sistema S e o salário-educação sairiam da folha e os benefícios diretos, como as férias remuneradas, ficariam. O financiamento da previdência social, principal item de custo das empresas, sairia da folha e passaria a ser feito por outros tributos.


Quanto à participação dos salários na renda, Mangabeira lembra que ela vem caindo há quase meio século. Trata-se de de uma tendência internacional, mas ele sugere que o problema seja enfrentado por meio de iniciativas institucionais e não apenas por políticas que influenciem o salário nominal, como vem fazendo o governo com o salário mínimo. Sua proposta é que o sistema tributário se torne neutro na base da hierarquia salarial, de forma a não castigar quem emprega e qualifica trabalhadores mais pobres. Para o topo da hierarquia, recomenda a generalização progressiva do princípio constitucional da participação nos lucros, o que, segundo ele, só funcionará se os sindicatos puderem ter acesso à contabilidade das empresas.


No caso do regime sindical, Mangabeira aplaude a legalização das centrais e diz que elas podem desempenhar papel importante na negociação de temas nacionais, como a vinculação de aumentos salariais à elevação da produtividade. "Os países onde é possível negociar esse tipo de vínculo são os que têm estruturas sindicais centralizadas, como os escandinavos. Esse é um papel que as centrais podem exercer no Brasil", aposta. O ministro também se junta às centrais na defesa de que o setor empresarial reconheça o princípio de que, no local do trabalho, o sindicato preponderante represente todos os trabalhadores. "É um exemplo de convergência entre os defensores e os opositores do princípio da unicidade", diz ele.


Por recomendação do presidente Lula, Mangabeira vem conversando com as centrais. Ele diz que, apesar das convergências que tem visto nesse diálogo, não se ilude. "Sei que, quando forem acesos os holofotes da discussão pública, uma parte dessa convergência vai evaporar, mas, se uma parte sobreviver, já será uma grande coisa para o país."


No tema "qualidade da gestão pública", o professor defende a profissionalização de todas as carreiras. Ele conta que se surpreendeu ao chegar a Brasília e descobrir que a maioria dos ministérios não possui funcionários de carreira. "São ministérios fantasmas. Temos ilhas de profissionalismo burocrático, como a Receita Federal e o Itamaraty, flutuando num oceano de discricionarismo político", critica.


Mangabeira combate a idéia de que criar uma burocracia profissional e meritocrática é inchar o Estado. "Criou-se uma antipatia com a idéia de burocracia no Brasil. A direita é contra porque supostamente o mercado é sufocado pela burocracia. O mercado depende da burocracia. A esquerda é contra porque a burocracia é contra a democracia, a radicalização democrática. A radicalização da democracia exige a burocracia. Ambas estão equivocadas", conclui.


Paralelamente à profissionalização, o ministro propõe a criação um órgão independente para avaliar os serviços prestados pelo setor público. Essa entidade não atuaria de forma punitiva, como o TCU, mas para auxiliar os vários órgãos a rever suas práticas.


Em seu modelo institucional, Mangabeira prega a redefinição das relações entre Estado e mercado, escapando dos dois modelos existentes - o americano, em que o Estado apenas regula o setor privado à distância; e o do Nordeste asiático, onde o Estado, por meio de um aparato burocrático, formula uma política industrial-comercial unitária e a impõe de cima para baixo.


O terceiro modelo, que ele deseja fundar no Brasil, prevê a "coordenação estratégica, descentralizada, pluralista, participativa e experimental entre Estado e empresas". O velho conflito entre o Estado e o mercado, diz ele, está morrendo e sendo substituído por um novo que diz respeito às formas alternativas da economia de mercado e da democracia política. "Não é aquele modelo liberal único, que ainda nos fascina - quanto mais Estado, menos mercado; quanto mais mercado, menos Estado. É a idéia de que o mercado não cria seus próprios pressupostos institucionais. Eles são criados na política e no direito. O Estado atua para criar mais mercados abertos a mais pessoas, de mais maneiras, portanto, inovando nas formas institucionais que definem a economia de mercado", teoriza.


O projeto de longo prazo de Mangabeira começa agora. Professor licenciado da Universidade de Harvard, ele diz que não deixou nos EUA sua família, seus livros e seu salário (cinco vezes maior do que o atual) para servir de "enfeite" em Brasília. Se por um lado faz críticas ao modelo econômico vigente, por outro diz que o momento atual é "mágico". "(Seu projeto) é uma visão de país, mas ela tem que estar ancorada em coisas concretas que comecem já. Não acredito no contraste entre o curto e o longo prazo. O único longo prazo que é para valer é o que começa já. O que importa é o caminho, a direção."
(da ValorOnLine - http://www.valoronline.com.br/valoreconomico/285/primeirocaderno/brasil/Prosperidade+do+pais+e+superficial+e+fragil+diz+Mangabeira,08144,,63,4879693.html)

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Oitavo Mandamento: Mentirás (?)

Vejam só... Diz exatamente o que eu penso a respseito dessa história toda. Triste verdade!


OITAVO MANDAMENTO: MENTIRÁS


UMA MENTIRA - Até há pouco tempo, os grandes meios nos presenteavam, diariamente, com cifras alegres sobre a luta internacional contra a pobreza. A pobreza estava batendo em retirada, embora os pobres, mal informados, não soubessem da boa notícia. Os burocratas melhor pagos do planeta estão confessando, agora, que os mal informados eram eles. O Banco Mundial divulgou a atualização de seu International Comparison Programa. Do trabalho participaram, além do Banco, o Fundo Monetário Internacional, as Nações Unidas, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento econômico e outras instituições filantrópicas, nele os especialistas corrigem alguns errinhos dos informes anteriores. Entre outras coisas, ficamos sabendo agora que os pobres mais pobres do mundo, os “indigentes”, somam quinhentos milhões a mais do que os que apareciam nas estatísticas. Além disso, tomamos conhecimento de que os países pobres são muito mais pobres do que diziam os números, e que sua desgraça piorou enquanto o Banco Mundial lhes vendia a pílula da felicidade do mercado livre. E como se fosse pouco, a desigualdade universal entre pobres e ricos foi mais medida, e em nível planetário o abismo ainda é mais profundo do que o do Brasil, sim, há países injustos.

OUTRA MENTIRA - Ao mesmo tempo, um ex-vice-presidente do Banco Mundial, Joseph Stiglitz, em um trabalho conjunto com Linda Bilmes, pesquisou o custo da guerra do Iraque. O presidente George W. Bush havia anunciado que a guerra poderia custar, no máximo, US$ 50 bilhões, o que à primeira vista não parecia muito em se tratando da conquista de um país tão rico em petróleo. Eram números redondos, ou melhor, quadrados. A carnificina do Iraque dura mais de cinco anos, e neste período os Estados Unidos gastaram US$ 1 bilhão matando civis inocentes. Desde as nuvens, as bombas matam sem saber quem. Sob a mortalha de fumaça, os mortos parecem não saber o motivo. Aquele número de Bush basta apenas para financiar um trimestre de crimes e discursos. A quantia mentia, a serviço desta guerra, nascida de uma mentira, que continua mentindo.

E MAIS UMA MENTIRA - Quando todo mundo já sabia que no Iraque não havia mais armas de destruição em massa além das usadas por seus invasores, a guerra continuou, embora tenha esquecido seus pretextos. Então, em 14 de dezembro de 2005, os jornalistas perguntaram quantos iraquianos morreram nos dois primeiros anos de guerra. E o presidente Bush falou do tema pela primeira vez. Respondeu: “Cerca de 30 mil, mais ou menos”. E a seguir fez uma piada, confirmando seu sempre oportuno senso de humor, e os jornalistas riram. No ano seguinte reiterou o número. Não esclareceu que os 30 mil se referiam aos civis iraquianos cuja morte apareceram nos jornais. O número real era muito maior, como ele bem sabia, porque a maioria das mortes não é publicada, e embora também soubesse que entre as vítimas havia muito idosos e crianças. Essa foi a única informação proporcionada pelo governo dos Estados Unidos sobre a prática do tiro ao alvo contra civis iraquianos. O país invasor só considera a conta, detalhada, de seus soldados que tombaram. Os demais são inimigos, ou danos colaterais, que não merecem ser contados. E, em todo caso, contá-los seria perigoso: essa montanha de cadáveres poderia causar má impressão.

E UMA VERDADE - Bush vivia seus primeiros tempos na presidência quando em 27 de julho de 2001 perguntou aos seus compatriotas: Vocês podem imaginar um país que não seja capaz de cultivar alimentos suficientes para alimentar sua população? Seria uma nação exposta a pressões internacionais. Seria uma nação vulnerável. E por isso, quando falamos da agricultura americana, na realidade falamos de uma questão de segurança nacional. Dessa vez, o presidente não mentiu. Ele defendia os fabulosos subsídios que protegem o campo de seu país. “Agricultura americana” significava, e significa, nada mais do que “agricultura dos Estados Unidos”. Entretanto, é o México, outro país americano, o que melhor ilustra seus acertados conceitos. Desde que assinou o tratado de livre comércio com os Estados Unidos, o México não cultiva alimentos suficientes para as necessidades de sua população, é uma nação exposta a pressões internacionais e é uma nação vulnerável, cuja segurança nacional corre grave risco? Atualmente, o México compra dos Estados Unidos US$ 10 bilhões de alimentos que poderia produzir; Os subsídios protecionistas tornam impossível a competição; As tortilhas mexicanas continuam sendo mexicanas pelas bocas que as comem, mas não pelo milho da qual são feitas, importado, subsidiado e transgênico; O tratado havia prometido prosperidade comercial, mas a carne humana, camponeses arruinados que emigram, é o principal produto mexicano de exportação. Há países que sabem se defender. São poucos. Por isso são ricos. Há outros treinados para trabalhar por sua própria perdição. São quase todos só demais. Por Eduardo Galeano, escritor e jornalista uruguaio, autor de As veias abertas da América Latina, Memórias do fogo e Espelhos/Uma historia quase universal. (Envolverde/IPS).

(via Jornal Absoluto de 14/04/2008)

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Americano inocente ganha US$ 1,25 milhão após passar 24 anos preso

E se fosse um condenado à morte? Contra a pena de morte!

Americano inocente ganha US$ 1,25 milhão após passar 24 anos preso

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da France Presse, em Miami

O americano Jerome Alan Crotzer, que passou 24 anos preso após ser condenado em 1982 por rapto e estupro de duas mulheres, entre outros crimes, até que testes de DNA mostraram sua inocência, será indenizado em US$ 1,25 milhão, anunciou o Estado da Flórida (sul dos EUA) nesta quinta-feira.

O governador da Flórida, Charlie Crist, assinou uma lei que ordenou a indenização em dinheiro pelo anos que passou, injustamente, atrás das grades, pagando por crimes que não cometeu.

Testes de DNA concluídos em 2006 determinaram sua inocência.

"O dinheiro não substitui o tempo que Alan perdeu na prisão", declarou Crist, que felicitou os legisladores estaduais pela lei que estabeleceu a indenização.

Pelos delitos pelos quais foi declarado culpado --além dos já mencionados, duas acusações de agressão sexual a mão armada e assalto agravado com a arma e tentativa de roubo com arma--, foi sentenciado a 130 anos de prisão, em uma época em que não existia teste de DNA.

Crotzer tentou tirar proveito de sua prisão injusta e, em sua longa estada na cadeia, obteve um diploma geral em educação, trabalhou como horticultor e conseguiu a licença para controlar epidemias de insetos.

(de http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u391017.shtml)

quinta-feira, 10 de abril de 2008

EUA: a big elephant?

Os EUA parecem um paquiderme, lento em sua burrocracia:

Rice pede fim de referência a Mandela como 'terrorista'

Líder sul-africano precisa de autorização para entrar nos EUA desde a década de 60.

Da BBC Brasil - BBC

- A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, pediu que restrições "embaraçosas" que impedem a entrada nos Estados Unidos do ex-presidente Nelson Mandela e de outros líderes sul-africanos sejam suspensas.

A Comissão para Assuntos Exteriores da Câmara dos Representantes apresentou ao Congresso americano um projeto de lei que prevê a remoção de referências a membros do governo da África do Sul e a outros líderes do país como "terroristas" em arquivos do governo.

Atualmente, qualquer membro do partido Congresso Nacional Africano (CNA), de Mandela, precisa de uma permissão especial para entrar nos Estados Unidos.

O partido foi classificado de organização terrorista pelo antigo regime de Apartheid, que governou a África do Sul de 1948 a 1990.

"Francamente, é bastante embaraçoso que eu ainda tenha de autorizar a entrada dos meu equivalente - o ministro das Relações Exteriores da África do Sul - isso para não mencionar o grande líder, Nelson Mandela", disse Rice.

"Vergonhoso"

Na semana passada, Howard Berman, presidente da Comissão para Assuntos Exteriores, disse que era "vergonhoso" que os Estados Unidos ainda tratassem o CNA desta forma.

"É incrível, mas Nelson Mandela ainda precisa obter uma permissão especial para entrar nos Estados Unidos por causa de sua corajosa liderança do CNA. Que insulto. Esta legislação vai acabar com isso", disse Berman.

O governo da África do Sul baniu o CNA em 1960, prendendo seus líderes ou forçando-os ao exílio.

Mandela, que completa 90 anos este ano, foi libertado em 1990, após passar 27 anos na prisão.

Ele se tornou o primeiro presidente da África do Sul na era pós-Apartheid e se aposentou depois de exercer um mandato. A saúde de Mandela parece ser boa, mas ele faz cada vez menos aparições em público. BBC Brasil


(de http://www.estadao.com.br/geral/not_ger154608,0.htm)

Estrangeiros são 43% dos visitantes no Amazonas

Parece que os brasileiros não se interessam pela Amazônia... Porque será? Por termos mata como mato?

Estrangeiros são 43% dos visitantes no Amazonas

HELOISA LUPINACCI
Enviada especial da Folha de S.Paulo à Amazônia

O assunto desmatamento da Amazônia sempre esteve em pauta, mas, desde o fim do ano passado, quando foram divulgados dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais; www.inpe.br) anunciando que o deflorestamento voltou a crescer, as atenções se voltaram mais fortemente para a região, que tenta sobreviver entre o desmate e a queimada.

Heloisa Lupinacci/Folha Imagem
Guia conduz voadeira em igapó formado no rio Urubu, na Amazônia
Guia turístico conduz voadeira em igapó formado no rio Urubu, na região amazônica

Não é sem porquê. Em janeiro, foram devastados 639,1 km2, área equivalente a 40% da cidade de São Paulo. Em fevereiro, período de cheia, em que antes não era medido o desmatamento por ser época de chuvas e, portanto, de pausa no abate da mata, foram 724 km2, 12% a mais do que foi apontado na medição de janeiro.

Além de ocupar o noticiário pela destruição --ontem a Folha noticiou que as queimadas podem ser mais graves que o desmate--, a floresta ganha atenção pela mobilização em torno de sua preservação. De mostra de arte a abaixo-assinados liderados por artistas de TV, a floresta está em voga. Até o chef catalão Ferran Adriá, celebridade mundial, esteve lá no mês passado para provar os sabores amazônicos.

Babel

Mas, ao viajar para um hotel de selva, os brasileiros parecem uma espécie em extinção. No período em que a Folha esteve no Amazonat Jungle Lodge, onde hospedou-se a convite, havia dois australianos, dois alemães, dois sírios e um inglês. O dono é holandês, o guia que acompanhou a reportagem, peruano, e o gerente, italiano. Há um esforço para aumentar o número de funcionários brasileiros no estafe, mas é notável que o idioma mais usado seja o inglês -parte dos sites dos hotéis, inclusive do Amazonat, não têm versão em português e uma porção de estabelecimentos fornecem preços de diárias em dólares.

Também não é sem porquê. Segundo o departamento de registro e fiscalização da Amazonastur (órgão de turismo do Estado do Amazonas), a maior parte dos turistas estrangeiros é norte-americano. Do total de turistas, em hotéis urbanos e de selva, 43% são estrangeiros.

Abacaxi

O desmatamento é o tema número um das conversas entre os hóspedes. Apesar de os Estados do Pará, de Rondônia e do Mato Grosso formarem a chamada tríade da devastação, o Estado do Amazonas, onde se concentra a maior parte dos hotéis e barcos turísticos, não está livre de ameaças.

Nos trajetos percorridos de van ou de barco pela reportagem, avistam-se terrenos pelados, ocupados por gado, ouvem-se motosserras de quando em quando e ali, in loco, o viajante é apresentado a outras forças que empurram a floresta para áreas cada vez menores.

Jacques Van Egeraat, dono do Amazonat, alerta para a expansão do cultivo do abacaxi. "A principal ameaça que temos hoje à mata do hotel [a propriedade, de 50 km2 é tomada, em grande parte, por floresta primária] é o cultivo do abacaxi. A população desmata para plantar a fruta." Um dos projetos do hotel é conscientizar a população de que a floresta é mais valiosa de pé do que desmatada.

O outro alerta de Van Egeraat é quanto ao desflorestamento praticado pelos próprios hotéis da região. Questionado pela Folha se o turismo é uma forma de proteger a mata, van Egeraat reage: "Pelo contrário. Há hotéis que, durante os passeios, cortam pedaços de vegetação para demonstrações.Há espécies de plantas, como o cipó-d'água, que podem morrer inteiras se tiverem um pedaço cortado". Ele resiste a dar exemplos, mas diz que a região do rio Negro registra queda na quantidade de cipó-d'água.

Em parceria com diversas instituições, como a National Geographic Society; www.nationalgeographic.com) e a WWF (World Wild Foundation; www.wwf.org.br), o holandês --que trabalhava como engenheiro mecânico em empresas ligadas ao ramo petrolífero antes de criar o lodge-- toca projetos de pesquisa ligados a universidades estrangeiras. Instado a citar outro resort que considere bom exemplo, cita o Cristalino Jungle Lodge.

Verde

Não são só os hotéis de selva que se reúnem a instituições para buscar a preservação da floresta. A rede Marriott, que, segundo Jorge Berrio, presidente do conselho de negócios do grupo, não tem plano de instalar hotel na área, fechou acordo com o Estado do Amazonas e com a Fundação pela Sustentabilidade do Amazonas para destinar US$ 2 milhões à conservação de uma reserva de 5.670 km 2.

Diante da avalanche de iniciativas e do debate sobre a preservação, é incômodo que se veja tão poucos turistas brasileiros ali. Inevitável pensar -depois de apanhar um barco cheio de norte-americanos ou de voar de SP a Manaus e de Manaus a SP em aviões em que a língua predominante é o inglês- que a Amazônia já não é lá tão nossa assim.

O preço é, em geral, o primeiro fator apontado para afastar brasileiros da região. O pacote mais barato desta edição custa R$ 1.500; e a menor diária, no Malocas Jungle Lodge, com dois dias de passeios, uma noite de hospedagem e pensão completa, custa R$ 300 por pessoa, em quarto duplo. A desculpa do preço, portanto, não funciona mais muito.

HELOISA LUPINACCI viajou a convite do Amazonat Jungle Lodge.


(de http://www1.folha.uol.com.br/folha/turismo/noticias/ult338u390736.shtml)

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Mangabeira Unger sugere trocar serviço militar por serviço social obrigatório

Apoiado! Quem sabe assim muitos de nossos jovens saiam da marginalidade...?

Mangabeira Unger sugere trocar serviço militar por serviço social obrigatório

RENATA GIRALDI
da Folha Online, em Brasília

O ministro Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos) admitiu nesta quarta-feira que o governo federal examina alternativas para modificar o sistema de serviço militar obrigatório. Uma das possibilidades é dar ao candidato o direito de escolher entre o serviço militar e o serviço social obrigatório. Mas para isso o interessado deverá se submeter a um rígido treinamento militar e ficará à disposição do Estado como integrante de uma força de reserva a ser acionada em caso de emergência.

"Até poderemos discutir estabelecer ao lado do serviço militar obrigatório, um serviço social obrigatório. Quem não prestar o serviço militar prestaria o social e receberia um treinamento militar e rudimentar para poder compor uma força de reserva capaz de ser mobilizada em circunstâncias de emergência nacional e mundial", afirmou o ministro, na Câmara.

Unger e o ministro Nelson Jobim (Defesa) prestam esclarecimentos sobre o Plano Nacional de Defesa na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, na Câmara. Inicialmente, a idéia era que ambos falassem em sessão fechada, mas depois os deputados decidiram abrir a reunião.

O ministro de Assuntos Estratégicos disse que há outras hipóteses sendo analisadas pelo governo em relação ao serviço militar obrigatório. Uma das idéias é "de fato" transformar o serviço em obrigatório, criando critérios de escolha dos candidatos sem que possam obter dispensas das atividades militares.

De acordo com Unger, os critérios a seguir se baseariam no vigor físico e na capacidade intelectual do candidato, além da representação de todas as regiões do país e classes sociais.

Segundo o ministro, atualmente a maior parte dos recrutas é formada por homens de origem pobre. "Em geral [...] os recrutas são rapazes pobres que não têm outras alternativas", disse o ministro. "Em um país tão desigual quanto o nosso, o serviço militar funciona como nivelador republicano."

Unger disse ainda que a terceira alternativa avaliada é ampliar o sistema atual de serviço militar obrigatório. A proposta é associar à educação militar dos jovens o ensino técnico e orientação civil. Ele não especificou como funcionaria essa orientação civil.



Reitor diz que não pretende renunciar nem se afastar da UnB

Quero ver se vão ou não afasta-lo... Vamos ver? Tenho acompanhado as notícias e parece que o MP está de olho nele (http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080409/not_imp153582,0.php)... Vamos ver, vamos ver!

Reitor diz que não pretende
renunciar nem se afastar da UnB
12h04 Segundo Timothy Mulholland, a manifestação dos estudantes é uma retaliação ao processo de inclusão social desenvolvido pela UnB. Foi a primeira vez que ele se manifestou desde a ocupação da reitoria, no dia 3, por alunos que pedem seu afastamento
(de http://www.agenciabrasil.gov.br/)

Parlamentares rejeitam plano de pedágio urbano em Nova York

Concordo com o Bloomberg... Como podem alguns cidadãos da "maior potência do planeta" serem realmente tão estúpidos? Preferem ficar presos em suas gaiolas douradas de quatro rodas...

Parlamentares rejeitam plano de pedágio urbano em Nova York

da Folha Online

O plano do prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, de criar um pedágio para os motoristas circularem nas áreas mais congestionadas de Manhattan foi recusado pela Assembléia do Estado na segunda-feira (7).

Apesar de sua proposta ter rendido convites para falar em eventos como a conferência da ONU sobre o clima, o líder da Assembléia em Albany, capital do Estado, anunciou na segunda-feira que a câmara, de maioria democrata, não iria aprovar a proposta.

A proposta de pedágio, conhecida como taxa sobre congestionamento, visava fazer com que carros pagassem US$ 8 dólares (cerca de R$ 13,5) para circular em uma determinada área de Manhattan, centro da cidade, entre 6h e 18h nos dias úteis.

Seus opositores afirmam que ela é injusta com cidadãos de classe média que vão ao trabalho de carro devido à falta de transporte coletivo nos locais onde moram.

A secretária de transporte dos EUA, Mary Peters, afirmou que o governo esperava que o pedágio urbano em Nova York poderia servir como modelo para outras cidades do país. Cobrar uma taxa dos motoristas de centros de cidades congestionadas é um conceito que tem ganhado cada vez mais popularidade entre políticos de outros países, mas ainda precisa ser testado em larga escala em uma cidade dos EUA.

Controvérsias

Há pouco mais de um ano, o próprio Bloomberg afirmou não estar convencido de que o plano teria êxito. Ele afirmou uma vez que a idéia era tão politizada que os parlamentares "nunca iriam nos deixar colocá-la em prática";

Mas nas semanas que precederam o discurso do Dia da Terra de 2007, no qual ele revelou o plano, Bloomberg se convenceu de que era algo que Nova York deveria tentar.

Bloomberg, político sem partido a menos de dois anos do fim do seu segundo mandato, tem se apresentado como um líder independente, levando adiante políticas bastante impopulares, como a proibição do fumo em bares e clubes noturnos, e de gorduras trans em restaurantes.

Autoridades municipais estimam que o pedágio urbano iria diminuir o tráfego em 6% e geraria centenas de milhões de dólares para projetos do governo. O prefeito rechaçou críticas de que ela seria muito cara ao compará-la com o preço de um ingresso de cinema.

Ao fazer campanha por seu plano, Bloomberg mostrou pouca paciência com qualquer um que não apoiasse a idéia, chamando os opositores de "estúpidos" que não se preocupam com o meio-ambiente, progresso e saúde das crianças asmáticas.

Bloomberg também insinuou que os parlamentares que apoiassem sua medida seriam recompensados com apoio político e financeiro, enquanto aquela que se opusessem iria sofrer as conseqüências.

Bloomberg não fez aparições públicas desde a derrota de seu plano, mas no domingo à noite, o prefeito fez um discurso dizendo que os parlamentares de Albany são políticos sem coragem que condenaram a cidade.

"É necessário um tipo especial de covardia para autoridades eleitas se recusarem a se levantar e votar de acordo com a consciência --em um assunto que tem sido debatido e recebido emendas significativas para resolver questões pendentes por mais de um ano", afirmou.

Com Associated Press


(de http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u390050.shtml)

Chile cogita proibir caça às baleias de maneira permanente

Muito bem! Que seja feito! Quando então só faltará a adesão da Argentina e do Brasil, que, junto com a Austrália e a Nova Zelândia, formarão o verdadeiro santuário!

Chile cogita proibir caça às baleias de maneira permanente

da Ansa, em Santiago

O governo chileno estuda decretar uma moratória permanente de caça às baleias, seja com fins comerciais ou científicos, em todo o território marítimo, até as 200 milhas náuticas da costa chilena, incluindo a área insular e a Antártida.

A informação foi confirmada pela subsecretária da Marinha, Carolina Echeverría, que explicou que a eventual declaração de um santuário baleeiro é uma nova possibilidade e precisa de estudos urgentes.

No Chile vigora um veto extrativo que ocasionou um importante aumento do número de baleias na região, que passaram de 115 em 2005 a 687 em 2007, segundo registros da direção de território marítimo da Marinha.

Segundo o projeto em estudo, a moratória permanente entrará em vigor antes da reunião da Comissão Baleeira Internacional, que ocorrerá em Santiago entre os dias 23 e 27 de junho, com a participação de representantes de 78 países.

"Há grandes probabilidades de que seja anunciado" o decreto de moratória permanente, disse a subsecretária. "Não temos perspectivas para mudar as variáveis. Creio que cada vez mais vamos avançar no diálogo, mas há passos prévios", declarou ao jornal "El Mercurio".

A subsecretária da Marinha advertiu, porém, que para a criação de um santuário baleeiro "é preciso revisar acordos internacionais de navegação, impactos na produção e em outras áreas".

"Há acordos da Defesa com outros países e há o Plano Antártico que implica articular outros aspectos", acrescentou.

O Centro de Conservação Cetácea, junto com o Greenpeace e a ministra do Meio Ambiente, Ana Lya Uriarte, inauguraram na segunda-feira (7) uma exposição em frente ao palácio de La Moneda, sede do governo, para sensibilizar a população sobre a proteção às baleias.

A exposição inclui fotos e uma baleia inflável de 35 metros de largura que ilustra a caça à essa espécie.

(de http://www1.folha.uol.com.br/folha/ambiente/ult10007u390137.shtml)

terça-feira, 8 de abril de 2008

MUDANÇA CLIMÁTICA: UM JOGO DE AVARENTOS

É triste, mas parece ser verdade:

MUDANÇA CLIMÁTICA: UM JOGO DE AVARENTOS
Cada vez há mais provas de que a mudança climática pode instalar um caos no futuro como nenhum outro fenômeno conhecido, segundo uma original pesquisa publicada em uma prestigiosa revista científica norte-americana. Tomar medidas coletivas a tempo de evitar o pior significa recompensar ações sustentáveis, punir os que contaminam e parabenizar publicamente aqueles que procuram proteger o meio ambiente, diz o estudo. Todas as nações fixarão um objetivo e um cronograma para reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa liberadas pela queima de combustíveis fósseis quando se reunirem em Copenhague no final de 2009 por ocasião da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática. A maioria dos cientistas atribui o aquecimento do planeta a esses gases, como o dióxido de carbono, metano e óxido nitroso. Numerosos cientistas insistem que o objetivo a ser fixado para 2020 deve ser uma redução entre 25% e 40%, em relação às emissões registradas em 1990.

A comunidade internacional poderá alcançar esse objetivo coletivo por meio de ações individuais quando todo o mundo sofre de forma individual as conseqüências de não alcançar a meta? A resposta simples é: não. Pelo menos esse foi o resultado de um experimento realizado para avaliar a capacidade das pessoas em lidar com esse tipo de situação. “As pessoas não agem racionalmente, nem mesmo para proteger seus próprios interesses”, disse Manfred Milinski, do Instituto Max Planck de Evolução Biológica em Plon, na Alemanha. O experimento de Milinski é um jogo simples. Seis pessoas recebem 40 euros (pouco mais de US$ 62) em suas contas bancarias. Em cada jogada devem transferir de forma anônima entre zero, dois e quatro euros (US$ 3 e US$ 6) para uma “conta climática” coletiva. Depois de 10 rodadas, o jogo termina e a conta climática deve ter pelo menos 120 euros (mais de US$ 187). Se essa quantia for alcançada ou superada, o clima se salva e cada jogador pode ficar com a quantidade que restou em sua conta. Mas, se não chegam a depositar os 120 euros, há 90% de possibilidades de o clima e os jogadores serem perdedores.

Dez grupos jogaram e apenas cinco alcançaram o objetivo, e estes o fizeram por pouco. Um resultado surpreendente se lembrarmos que a todos foram mencionados os graves riscos que a mudança climática representa. Se em cada jogada todos contribuíssem com dois euros, o objetivo seria alcançado, se salvava o clima e os jogadores levavam 20 euros no bolso. Simples. Todo mundo ganhava. “Todos os grupos deveriam ter alcançado o objetivo”, disse Milinski à IPS, ao explicar o estudo publicado pela revista científica norte-americana Proceedings of the National Academy of Sciences, (conhecida por suas siglas em inglês PNAS) no dia 19 de fevereiro. O que aconteceu, então?

Os jogadores começaram depositando dois ou mesmo quatro euros, mas depois pararam com a esperança de que outros depositassem por eles, assim ficariam com mais dinheiro em suas contas. Ao que parece, a atitude de avareza de uma pessoa foi imitada pelas outras. Mas, no final do jogo, ao ver que não se chegava ao objetivo e todos perderiam, as contribuições disparara. Para metade dos grupos já era muito tarde e por uns poucos euros não alcançaram a meta. “Foi o experimento mais frustrante que já fiz”, disse Milinsiki. Os resultados o levam a se preocupar com os problemas graves que a humanidade enfrenta.

O jogo foi realizado com pequenos grupos de universitários com conhecimentos da situação aos quais se deu uma orientação clara e regras simples para salvar o clima. Mesmo assim, apenas a metade conseguiu deixar seus próprios interesses de curto prazo para alcançar essa meta. “Quanto maiores são os grupos, menor é a cooperação”, afirmou Milinski. “E muitas pessoas desconhecem a amplitude do problema climático. É muito mais complicado no grande jogo das negociações” políticas a respeito. Na realidade, é óbvio que Canadá e Estados Unidos são os “free-riders” (usuários abusivos), enquanto a Grã-Bretanha faz um “jogo limpo” e outros países como a Suécia são “altruístas”, contribuem com mais do que lhes corresponde para reduzir as emissões.

A cooperação melhora com o aprendizado, disse Anna Dreber, pesquisadora da Universidde de Harvard e co-autora de um comentário sobre o estudo de Milinski também publicado pela revista PNAS. “Se os grupos que perderam voltassem a jogar, poderiam aprender e obter melhor resultado”, disse Dreber à IPS. Esta especialista retira esperanças de outra versão do jogo de Milinski com menos possibilidades de salvar o clima, mas algumas pessoas investiram igualmente seu dinheiro. Possivelmente, foi o resultado de ter recebido instruções previas sobre o risco que a mudança climática representa. Estas observações também sugerem que as pessoas estão dispostas a apostar no clima”, escreveu Dreber. Mas, se acreditarem que o risco é pequeno, então não irão colaborar. As pessoas devem estar bem informadas dos riscos da mudança climática e assim se sentirão mais inclinadas a colaborar, concluiu Milinski. Também é muito importante reconhecer e felicitar pessoas, organizações e países como a Suécia que lutam para proteger o meio ambiente, afirmou Dreber. Eles são membros valiosos da comunidade mundial.

Dessa forma aumenta a possibilidade de outros cooperarem e seguirem seu exemplo. Os “usuários abusivos” não são bem-vindos e então têm menos chances de receber ajuda de outros atores. A imprensa tem um papel importante não apenas informando os graves perigos que a mudança climática traz, mas melhorando a reputação daqueles que abordam o problema, ressaltou. “Ainda não existe uma liderança firme em questões climáticas por parte de interesses filantrópicos, empresariais e dos meios de comunicação”, acrescentou Dreber. As ações contaminantes devem ser apontadas como tais. Dreber sugere que alguns veículos podem levar adesivos nos vidros dizendo “Este automóvel é altamente ineficiente. Suas emissões incidem no câncer de pulmão e em uma mudança climática perigosa”. Não é realista esperar que os dirigentes políticos do mundo resolvam o problema na Convenaço marco das Nações Unidas sobre mudança climática do ano que vem em Copenhague, destacou Milinski. As pessoas devem ser dar conta de que o dióxido de carbono na atmosfera se eleva com rapidez e que como seus filhos estão em perigo. Temos que mudar nossa forma de viver para reduzir o uso de combustíveis fósseis, ressaltou. Por Stephen Leahy,da IPS/Envolverde. Este artigo é parte de uma série de quatro sobre as mudanças psicológicas e de comportamento necessários para reduzir a temperatura do planeta.
(de http://mwglobal.org/ipsbrasil.net/nota.php?idnews=3698)