sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Ataques a Obama revelam preconceito contra muçulmanos nos EUA

Lembro-me que logo após os atentados de 11/09 duas brasileiras foram cuspidas por estadounidenses da América do Norte, lá mesmo...
Não é de admirar, pois até a década de 1950 matavam negros e não eram levados a julgamento... Triste a natureza humana...


Ataques a Obama revelam preconceito contra muçulmanos nos EUA

MICHAEL CONLON - REUTERS

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CHICAGO, ESTADOS UNIDOS - A polêmica provocada pela foto de Barack Obama, pré-candidato do Partido Democrata à Presidência dos EUA, vestido com um turbante e uma túnica chama atenção para o profundo sentimento de aversão aos muçulmanos presente na sociedade norte-americana, disseram observadores.

Desde os ataques de 11 de setembro de 2001 contra Nova York e Washington, os árabes em geral e os muçulmanos em particular transformaram-se nos vilões número 1 em filmes e programas de TV dos EUA, afirmou Jack Shaheen, autor do livro "Guilty -- Hollywood's Verdict on Arabs After 9/11" (cuja tradução é Culpados -- o veredicto de Hollywood sobre os árabes depois do 11 de setembro).

"Não há equilíbrio nenhum nisso. Isso é algo tão despropositado quanto ver os asiáticos ou os afro-americanos como terroristas", disse.

A polêmica em torno da foto, segundo Shaheen, deve-se ao fato de "ele (Obama) ser negro, sejamos francos", e ao fato de a roupa tradicional que vestiu quando em visita ao Quênia, a terra natal do pai dele, lembrar os trajes usados pelos muçulmanos.

Quando a foto apareceu em um site da Internet, nesta semana, o comitê de campanha de Obama acusou assessores de sua rival nas prévias democratas, Hillary Clinton, de terem cometido o ato "mais vergonhoso e boateiro" da disputa.

Os aliados de Hillary negaram ter divulgado a imagem.

Obama, que é cristão, viu-se atingido por boatos mentirosos afirmando que ele é muçulmano. O nome do meio do pré-candidato --Hussein-- tem sido usado por alguns para ligá-lo ao ditador iraquiano Saddam Hussein, já morto.

"Mas o interessante é que ninguém disse: 'E daí? E se ele fosse muçulmano, qual seria o problema?"', afirmou Shaheen.

Ahmed Rehab, diretor-executivo da Seção de Chicago do Conselho sobre Relações Americano-Islâmicas, disse que o incidente envolvendo a foto enviava uma mensagem desalentadora para um muçulmano criado nos EUA e eventualmente interessado em tornar-se presidente do país.

"O mero boato sobre uma pessoa ser muçulmana --que dirá se for realmente muçulmana-- está sendo usado como instrumento para destruir as aspirações políticas de alguém, o que vai de encontro a tudo que defendo", afirmou Rehab.

"Quando se trata dos muçulmanos, os discursos inflamatórios surgidos neste ano eleitoral variam entre os meramente excludentes aos pura e simplesmente preconceituosos", disse ele, acrescentando que nem Obama e nem qualquer outro pré-candidato manifestou-se de forma apropriada a respeito da atmosfera de rechaço aos muçulmanos.

Novos ataques centrados na religião e na identidade étnica devem surgir se Obama se consolidar na liderança da corrida pela vaga democrata nas eleições presidenciais de novembro.

Nesta semana, o Partido Republicano do Tennessee divulgou um boletim noticioso com a foto de Obama e o título: "Anti-Semitas a favor de Obama".

O artigo, que discorria sobre o suposto apoio recebido pelo pré-candidato de figuras consideradas anti-semitas, transcreveu o nome inteiro dele: "Senador Barack Hussein Obama".


(de http://www.estadao.com.br/geral/not_ger132732,0.htm)

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