quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Enterrem meu coração na curva do rio.

Quem leu esta obra? Pois o discurso desta advogada, infelizmente, está se parecendo com a defesa de tantos que tombaram frente à ganância e à inconsciência do homem branco...

D´O Estadão on-line:

Quarta-feira, 27 de agosto de 2008, 15:24 | Online

Advogada indígena defende fim da violência contra índios

VANNILDO MENDES - Agencia Estado

BRASÍLIA - Em defesa das seis etnias que residem na reserva Raposa Serra do Sol, a advogada Joênia Batista Carvalho, uma índia da etnia Wapichana, disse que é preciso que o Supremo Tribunal Federal dê um ponto final na violência que há décadas é cometida contra os povos indígenas na região. Joênia Batista Carvalho, 34 anos, é a primeira mulher índia que recebeu registro na Ordem dos Advogados do Brasil(OAB). Ela é formada em direito pela Universidade Federal de Roraima.



Em sua sustentação oral durante o julgamento no Supremo, Joênia - que exibia pintura no rosto e indumentária de sua etnia , reservada a ocasiões solenes - fez uma saudação em dialeto indígena aos ministros do Supremo. Ressaltou os valores espirituais e culturais dos povos indígenas previstos na Constituição que espera ver reafirmados na decisão do STF.



Joênia mencionou a contribuição econômica que os seis povos da reserva dão à economia do Estado de Roraima. Disse que a região é a maior produtora de gado da região e que possui uma produção agrícola expressiva. Ela estimou em R$ 14 milhões o volume de recursos movimentados pela produção agrícola e pecuária da reserva. "Vivemos da troca, mas participamos ativamente da economia do estado", afirmou.



Emocionada, citou as agressões desencadeadas contra os indígenas desde que começou o processo de demarcação da reserva, na década de 70, por iniciativa da União. Conforme seu relato, desde então, foram assassinados 21 índios e até agora ninguém foi punido, dezenas de casas foram queimadas, e as populações indígenas vivem em permanente ameaça. "Somos acusados de ladrões, invasores, na nossa própria terra. Somos caluniados, e difamados dentro de casa" afirmou.



E definiu: "a terra indígena não é só casa para morar, mas o local onde se caça , onde pesca, onde se caminha e onde os povos indígenas vivem e preservam sua cultura. A terra não é um espaço de agora, mas um espaço para sempre. Queremos viver conforme nossos usos e costumes. Conforme nossas tradições, num ambiente de harmonia e respeito com todos".



Posse



Ao defender a manutenção da reserva continua na área da Raposa Serra do Sol, a advogada indígena ainda questionou, no final de sua sustentação: "Que crime praticamos para ter a nossa terra retalhada? Não está em jogo aqui a definição de posse administrativa de uma terra. Já nos tiraram muito. Hoje querem nos tirar 10 mil hectares. Amanhã, mais dez mil. Depois, mais dez mil. Até que um dia só nos restará um lote. Já nos tiraram muito".

(de http://www.estadao.com.br/geral/not_ger231755,0.htm)

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